Em que consiste uma Unidade Terapia Intensiva Neonatal? Quais são as possibilidades de tratamento?

A coordenadora das UTIs Neonatais e Pediátricas do Grupo Neocenter, Dra. Cristina Sabbatini Alves:quanto mais especializado o serviço, menores os índices de mortalidade”

Não há quem não fique em sobressalto quando ouve alguém dizer que um amigo ou familiar está ou teve que ir para uma UTI – Unidade de Terapia Intensiva. Parece que o local tem um ar de perigo. No entanto, ele é o melhor lugar para aqueles que necessitam de cuidados especiais estarem, como bebês prematuros. Para esses casos, a UTI Neonatal dispõe de recursos e alta tecnologia para salvaguardar a vida desses recém-nascidos, que exigem toda a atenção do mundo.

      De acordo com a médica Cristina Sabbatini Alves, Pediatra, coordenadora das UTIs Neonatais e Pediátricas do Grupo Neocenter/Belo Horizonte, esta área do hospital é responsável por receber e tratar crianças prematuras ou aqueles nascidos a termo criticamente doentes, ou seja, que apresentam qualquer instabilidade clínica de risco ou ameaçadora à vida. 

Ela afirma que compreende a reação das pessoas porque há uma desinformação a respeito do que é e de como funciona uma Unidade de Terapia Intensiva, sobretudo, uma UTI Neonatal. Daí os pais ficarem muito assustados e apreensivos quando seu filho é encaminhado para esta unidade. Por isso mesmo é muito importante clarear esta realidade, destaca a Dra. Cristina Sabbatini, especialista também em Medicina Intensiva Pediátrica.

Cenário nacional – Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, em 2017 haviam no Brasil 4.677 leitos neonatais do SUS e 4.089, não SUS. Em Minas Gerais, 583 leitos/SUS e 297 não SUS, ou seja, muito poucos. De lá para cá, esta realidade não mudou tanto assim. Hoje, continuam faltando leitos para o nascimento seguro de brasileiros, ressalta a médica, ao observar que “esta situação é ainda mais grave quando estamos diante de um prematuro”.

Tanto o baixo peso ao nascer quanto a prematuridade, observa, são fatores que contribuem de maneira importante para a mortalidade infantil. Dentre os pacientes que foram prematuros, os fatores que contribuem para aumento da mortalidade são a idade gestacional de nascimento (quanto menor, maior o risco de óbito), o grau de expertise do serviço que atendeu esses pacientes e a presença ou ausência de malformações congênitas.

Com o avanço dos cuidados perinatais, o desenvolvimento de protocolos específicos e a melhoria contínua nas tecnologias para o atendimento desses bebês, ocorreu uma redução progressiva na mortalidade. Em prematuros menores que 28 semanas, por exemplo, a mortalidade que era em torno de cerca de 50%, já caiu pela metade em alguns serviços. “Quanto mais especializado o serviço, menores os índices de mortalidade, e esse dado varia de um serviço para o outro”, destaca.

Nesse sentido, o trabalho dos profissionais da UTI Neonatal é de suma importância. Ele ocorre desde o preparo para a assistência ao paciente na sala de parto e na própria UTI, explica a Dra. Cristina Sabbatini.

Salvando vidas – Na sala de parto, a história daquela gestação, os motivos que levaram ao parto prematuro, os fatores de risco, além da própria prematuridade, fazem o pediatra ficar atento para a necessidade de reanimação daquele pequeno paciente.

Na UTI, o ambiente deve estar previamente preparado para garantir que aquele bebê tenha o atendimento adequado, com todos os materiais checados, e para que ele não perca calor, já que a queda da temperatura é fator de pior prognóstico para esses pacientes.

Lidar com a prematuridade é um grande desafio para os pais, até mesmo para aqueles que já trabalham na área de saúde, observa a Dra. Cristina Sabbatini, ao relatar que “o ambiente de UTI Neonatal é um mundo à parte. É uma escola de paciência, onde aprendemos todos os dias a viver cada dia e que as coisas podem mudar muito rápido e nem sempre acontecem como você gostaria”.

A sensação de impotência ao encontrar o bebê monitorizado, cheio de aparelhos, é enorme. “Mas a simples presença dos pais já é importante para o desenvolvimento daquele ser. E a medida que ele vai crescendo, vai passando por novas etapas, aprendendo a respirar sozinho, deixa a incubadora e começa a mamar, relata a pediatra, ao destacar ainda que “com a assistência de qualidade, sabemos que os bebês têm grandes chances de melhora do quadro e de receberem alta em boas condições”.

Prematuridade – Segundo a Dra. Cristina Sabbatini, “o perfil de atendimento em uma UTI Neonatal é bastante amplo. Primeiramente, é bom compreendermos o que são recém-nascidos prematuros. Para a Medicina são aqueles bebês com idade gestacional menor que 37 semanas, podendo ser classificados em prematuros extremos, se nascem com menos de 28 semanas, muito prematuros, se nascem entre 28 e 32 semanas, prematuros moderados, entre 32 e 33 semanas e 6 dias, e prematuros tardios, entre 34 semanas e 36 semanas e 6 dias”.

Podem ser também classificados de acordo com o peso de nascimento em: prematuros de baixo peso, se menores que 2500g, muito baixo peso, se menores que 1500g e extremo baixo peso, se menores que 1000g.

Quanto menor a idade gestacional de nascimento e peso, maior o índice de complicações graves e maior a possibilidade de sequelas. 

Além dos bebês prematuros, também são atendidos na UTI Neonatal, pacientes que nasceram a termo (com mais de 37 semanas) que tiveram instabilidade ao nascimento, sem recuperação adequada, aqueles com malformações congênitas (abdominais, cardíacas, neurológicas), bebês com icterícia grave com risco de sequela neurológica, bebês com hipoglicemia, e vários outros.

A equipe que atua na UTI Neonatal é multidisciplinar, ou seja, é composta por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos,  nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, além do suporte de manutenção e limpeza, todos juntos para assistir da melhor forma possível esses pequenos guerreiros, concluí.

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