A psicanalista Cláudia Barroso: “quanto mais conhecimento maior a possibilidade de se lidar com o problema e também com a dor que ele traz’”
No último dia 10, a atriz americana Christina Applegate revelou, em sua rede social, que foi diagnosticada com Esclerose Múltipla. A também americana Selma Blair filmou um documentário sobre sua convivência com a doença, que deve ser lançado em outubro, nos Estados Unidos. No Brasil, a atriz Cláudia Rodrigues chocou os fãs ao declarar, em 2006, que tinha sido diagnosticada com Esclerose Múltipla e demorou a voltar aos palcos. Isso porque teve que aprender a lidar com a doença e sua progressão no dia a dia.
Conscientização – Seja na sua família ou em alguma família conhecida, de amigos ou até colegas de trabalho, é bem provável que você já tenha se deparado com algumas das dificuldades que essa doença traz, não apenas para quem a tem, mas para quem convive com ela. O recente 30 de agosto é considerado o Dia Nacional da Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, doença que atinge cerca de 150 mil brasileiros todos os anos e é uma doença crônica, que pode se estender por anos e necessitar, aos poucos, de cuidados intensos.
A psicanalista Cláudia Barroso, está à frente do Bem Me CARE, programa que há mais de 10 anos oferece tratamento emergencial para familiares de pacientes que que estão lidando com um diagnóstico médico difícil. Segundo ela, é importante conhecer mais sobre o assunto para que seja possível cuidar não apenas do paciente, mas de quem convive com ele: “ao se falar sobre a doença, pode parecer que ‘quanto mais conhecimento, mais dor’, mas a verdade é ‘quanto mais conhecimento maior a possibilidade de se lidar com o problema e também com a dor que ele traz’”.
A Esclerose Múltipla é uma doença crônica, que pode se estender por anos e necessitar, aos poucos, de cuidados intensos. “Como a doença evolui de forma muito particular em cada pessoa e são muitos os sintomas possíveis, a incerteza é muito grande”, ressalta a psicanalista. “Os sintomas são diversos e podem ser confundidos com outras doenças. Assim, compreender o quadro, as possíveis evoluções, prognósticos e tratamentos, será melhor para o paciente e, consequentemente, para sua família, que poderá lidar com a realidade e não com a fantasia ou com a negação”.
A Dra. Cláudia Barroso explica que seu conhecimento sobre a doença veio do atendimento em consultório a pacientes cujas família estavam lidando com as dificuldades que ela traz. “No caso dos familiares, quando de fato o diagnóstico acontece, o primeiro sentimento é de culpa por não ter compreendido as reações que estavam acontecendo. Junto a esse sentimento, o medo quanto à evolução da doença”, lembra ela.
“No começo, muitos sintomas são confundidos com falta de vontade, falta de interesse, preguiça, manha, desgastando a relação do paciente com sua família, gerando um estresse que precisa ser observado. Quando o diagnóstico de EM efetivamente acontece, o paciente e sua família já estão lidando com os sintomas difusos há algum tempo e já estão desgastados emocionalmente e tomados pela insegurança. Além disso, são necessários muita persistência e tolerância no atendimento às limitações que a Esclerose Múltipla traz. Necessário também muita força emocional para presenciar as mudanças na aparência física do familiar adoecido”, conclui a psicanalista.