Especialista do Instituto Orizonti relata aumento de transtornos digestivos na pandemia
Dr. Luiz Ronaldo Alberti: “estresse, ansiedade e mudança intensa no hábito alimentar estão entre as principais causas do crescente número de diagnósticos”
A mudança de hábito, principalmente alimentar, vivida por muitas pessoas durante a pandemia da Covid-19 desencadeou um aumento dos transtornos digestivos. A constatação é do coordenador da equipe de endoscopia do Instituto Orizonti/Belo Horizonte, Luiz Ronaldo Alberti. De acordo com ele, o acentuado e justificado estresse em decorrência da crise epidemiológica levou a um aumento exagerado de problemas gástricos.
“Ansiedade e estresse em níveis elevados não são prejudiciais somente à saúde da mente, mas, também, podem afetar o nosso organismo de diversas formas, incluindo o aparelho digestivo. Alimentação inadequada, além de intolerâncias alimentares, também são causas comuns. Em decorrência da pandemia, muitas pessoas promoveram mudanças intensas no estilo de vida, causando as mais diversas alterações, desde constipação a diarreias”, relata.
O médico explica que, embora ainda não exista uma pesquisa para mensurar o crescimento dos casos neste período, os dados de notificação de doenças intestinais vêm apresentando aumento em todas os grupos populacionais.
Entre os casos mais recorrentes registrados no Instituto Orizonti, ele destaca uma grande incidência de refluxo gastroesofágico: sensação de retorno do alimento; azia: queimação na região do estômago, que pode alcançar o pescoço e a garganta; dispepsia: dificuldade de digerir os alimentos; e síndrome do intestino irritável: sensibilidade no trato intestinal.
Sensação de estufamento e desconforto abdominal, acúmulo de gases (flatulência), barriga inchada, cólicas intestinais e outras dores na barriga são alguns dos principais sintomas de que algo não vai bem com a saúde digestiva, sendo é fundamental buscar orientação médica, alerta o Dr. Luiz Alberti.
Tratamento, cura e prevenção – Em relação ao tratamento, o especialista ressalta que as observações devem ser feitas caso a caso. “Isso vai depender do problema específico. As doenças mais comuns do sistema digestivo têm boas chances de cura. Nos casos onde a cura não é possível (intolerâncias alimentares, por exemplo), a orientação dietética adequada promove bom controle dos sintomas”, garante.
Assim como em outras doenças, prevenção é palavra de ordem para quem quer evitar problemas. O desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis, com pratica de atividade física, redução do estresse e alimentação de maneira adequada, seja na quantidade, variedade ou períodos, bem como identificar possíveis intolerâncias alimentares, são os caminhos mais indicados.
Qualidade de vida – Acompanhamento profissional e disciplina são palavras chaves para pacientes com problemas gástricos. A contadora Thaissa Furtado Medeiros, de 48 anos, é a prova viva da superação dos sintomas e da retomada da qualidade de vida. Ela começou a sentir fortes desconfortos abdominais há 10 anos. Desde então, iniciou uma maratona para entender a origem das dores.
Ainda sem entender o problema, ela relata que procurou, a princípio, um ginecologista. Ao descartar relações com a especialidade, o profissional a encaminhou para um gastroenterologista. Foi aí que ela começou a realizar os exames que garantiram o tratamento adequado e a possibilidade de uma vida normal.
Thalissa identificou e tratou três problemas: doença celíaca – doença autoimune, causada pela intolerância ao glúten; síndrome do intestino irritável – inflamação das vilosidades intestinais; e supercrescimento bacteriano no intestino delgado – distúrbio no qual certas bactérias normais do intestino crescem excessivamente.
“Eu sentia dores imensuráveis. Uma espécie de cólica, mas fortíssima. Vejo que muitas pessoas ficam com receio dos exames, mas eu não senti dores para realiza-los e foi graças ao diagnóstico que minha vida mudou”, diz.
Desde então, Thaissa teve de promover uma série de mudanças na sua vida. Foi necessário iniciar uma dieta com muitas restrições, como lactose, frutose e glúten, por exemplo. “No início foi tudo muito difícil e com grandes impactos até mesmo na minha vida social. Mas me propus a ter foco e, hoje, colho bons resultados com o tratamento e muita disciplina alimentar. Atualmente tenho uma vida normal e todo esforço valeu a pena”, garante.