Evolução Infantil: atrasos significativos são alerta para síndromes e transtornos neurológicos

É o olhar dos pais, somado ao conhecimento técnico do médico, que irá ajudar a identificar atrasos no desenvolvimento.

Foto: Pixabay

A notícia de uma gravidez, seja ela programada ou não, por si só já assusta os futuros papais que começam a refletir acerca dos dilemas do início da gestação e seguem por muitos e muitos anos. Os medos relacionados à formação do feto, a insegurança na hora de definir a via de parto e a evolução da criança costumam assombrar os papais que precisam aprender a conviver com cada etapa. Com isso, é importante começarem a estudar tudo o que envolve não apenas o gestar, mas, também, amamentar, cuidar e o desenvolvimento das crianças.

Para o neurocirurgião André Ceballos, do Hospital São Francisco/ Ozasco/SP, quanto mais bem informado os pais estiverem, melhor será o desenvolvimento daquela criança. Existem momentos específicos para que cada bebê faça determinado movimento e ao conhecer e acompanhar cada um destes marcos, melhor será a evolução daquele ser no que tange a parte motora, social e psicológica”.

Embora muitas pessoas ainda possuam uma compreensão limitada de certos diagnósticos e possam ter percepções equivocadas, a identificação precoce é extremamente importante. “Afinal, é o olhar dos pais somado ao conhecimento técnico do médico que irá ajudar a identificar atrasos no desenvolvimento. Além do que, são as intervenções precoces, individualizadas e consistentes que contribuem para uma boa convivência com síndromes e transtornos neurológicos ao longo da vida” – pontua o Dr. André Ceballos.

Além dos mais comuns e altamente diagnosticados, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), existem outras condições neurológicas e síndromes que afetam o desenvolvimento infantil que são relativamente comuns, mas recebem menos atenção. Como exemplo, o médico pontua o transtorno de Aprendizagem, a Dislexia, Discalculia, a Disgrafia – que refletem diretamente na vida escolar da criança. Além destes, o Transtorno de Processamento Sensorial (TPS), Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Fobias e Síndrome de Tourette, por exemplo, podem passar despercebidos, mas afetam significativamente o desenvolvimento infantil. “O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são essenciais para ajudar as crianças a superarem os desafios e levar uma vida plena e saudável” – observa o neurocirurgião.

Quando questionado acerca do crescente número de diagnóstico de pessoas com o espectro autista (principalmente na vida adulta), Ceballos reforça que é um marco importante para a medicina, mas que qualquer transtorno deve ser identificado ainda na primeira infância, de modo a facilitar não apenas o tratamento, mas, principalmente, a vida daquela criança, que passa a receber os cuidados necessários para uma melhor qualidade de vida.

Conforme ressalta, “ainda existe muito preconceito e uma tendência de se buscar rótulos para comportamentos infantis. Esse fenômeno destaca a importância de um diagnóstico cuidadoso e baseado em critérios científicos para garantir que as crianças recebam o apoio necessário, sem exagerar no uso de rótulos ou diagnósticos que podem não refletir plenamente a condição”.

Finalizando, o Dr. André Ceballos acrescenta a importância da criação de políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis.

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