A ciência busca novos tratamentos para esta doença. Prevenção é da maior importância.
O Fevereiro Roxo é o mês dedicado à conscientização das doenças crônicas, como o Alzheimer, a fibromialgia e o lúpus. Dentre elas, o Alzheimer é a que mais preocupam as pessoas, uma vez que ela pode afetar mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, com possibilidade de crescimento para 74,7 milhões em 2030, e 131,5 milhões em 2050, especialmente por conta do envelhecimento da população.
De acordo com o neurologista Tiago Sowmy, do Hospital Edmundo Vasconcelos, de SãoPaulo/SP, “a Informação e o conhecimento trazem clareza para as ações de uma forma em geral. Quanto maior for o grau de clareza sobre quais são os sintomas iniciais do paciente, mais rápido é possível identificar e tratar a pessoa. Para os familiares, esse conhecimento leva-os a procurar auxílio mais precocemente o que diminui muito a ansiedade e a preocupação gerada pela dúvida. Com um diagnóstico realizado, os cuidadores podem utilizar ferramentas melhores para lidar com o paciente que passa a ser mais bem cuidado, o que minimiza os impactos da doença”.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, de instalação progressiva e que ainda não tem cura. Segundo o médico, os primeiros sintomas da doença são alguns tipos de esquecimentos e problemas de memória. “São exemplos não encontrar objetos guardados recentemente, esquecer compromisso ou consultas, confundir-se com medicações, ter dificuldades para nomear objetos, dificuldades em se deslocar ou fazer caminhos antes conhecidos e abandonar tarefas sem finalizá-las”. Essas alterações cognitivas começam a reduzir a independência da pessoa que passa a não conseguir mais realizar tarefas instrumentais básicas, a ter alterações comportamentais, confusões mentais e alteração do ciclo do sono. Isso acaba sendo percebido por familiares próximos, parceiros ou cônjuges, o que pode gerar situações de estresse.
“O estresse (crônico) é um fator de risco associado ao desenvolvimento de demência. Uma vida mais tranquila com regramento de atividades físicas e sociais, uma programação mais organizada das atividades diárias, além de um sono reparador e medicações para controle comportamental, são práticas que auxiliam”, destaca o médico.
Conforme o neurologista Tiago Sowmy detalha, a prevenção pressupõe alguns fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento da doença, como obesidade, stress, hipertensão, tabagismo e diabetes. “Alguns hábitos também favorecem a proteção, ou o atraso de manifestação da doença, como prática de atividades físicas regulares e a realização de atividades cognitivas e sociais”.
O desenvolvimento de exercícios cognitivos que possam auxiliar a manutenção de uma reserva cognitiva fisiológica, também é uma prática positiva para evitar o aparecimento da doença. Outros fatores de risco não modificáveis, como a idade e algumas mutações genéticas, também podem influenciar”, avalia o médico, ressaltando que, apesar de haver alguns tratamentos promissores e medicações específicas que podem diminuir o risco de desenvolver a doença, ainda não há estudos científicos que comprovam a eficácia destas medicações em ambiente fora de pesquisa clínica. O foco estaria em medicações que realizam uma espécie de “limpeza” no tecido neurológico, retirando a proteína beta-amiloide, considerada a principal via da doença. Há, porém, controvérsias quanto à origem do Alzheimer.
Como explica o Dr. Tiago Sowmy, essas medicações, se indicadas, devem ser realizadas em pacientes que ainda apresentam sintomas leves da doença. Caso contrário, não há evidencias de sua eficácia. Ele alerta ainda sobre tratamentos alternativos. Segundo ele, é importante evitar essas condutas que prometem a cura da doença e que não irão gerar os benefícios esperados ao paciente.