Hospital das Clínicas/USP inaugura Casa de Apoio para pacientes transplantados

O espaço oferece suporte humanizado, hospedagem e alimentação para pacientes do HCFMUSP em situação de vulnerabilidade social e seus acompanhantes.

Foto: Freepik

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) inaugurou no último dia 26 de setembro, a Casa de Apoio do Instituto Mais Transplantes, com suporte humanizado, hospedagem e alimentação para pacientes da Divisão de Transplantes de Fígado e Órgãos do Aparelho Digestivo da instituição, em situação de vulnerabilidade social e seus acompanhantes.

O local tem capacidade para hospedar até oito pacientes, com um acompanhante cada, totalizando 16 leitos. Além da hospedagem, está prevista a oferta de alimentação diária para até 30 pessoas. Essas refeições serão disponibilizadas tanto aos pacientes e acompanhantes que estiverem hospedados, quanto àqueles que se deslocarem para consultas, exames ou procedimentos no hospital e, devido à distância de suas residências, necessitarem permanecer na instituição por períodos mais longos.

Com a inauguração, a casa, localizada na Av. Divino Salvador, 308, no bairro Planalto Paulista, Zona Sul de São Paulo, está pronta para começar a receber os pacientes, que serão encaminhados pelo HCFMUSP, de acordo com critérios médicos e sociais.

O serviço é voltado para pessoas de fora de São Paulo, que necessitam estar próximas à unidade de saúde para continuidade do tratamento. Serão atendidos pacientes que foram transplantados ou estão na lista de espera para transplante de fígado e órgãos do aparelho digestivo, assim como aqueles em tratamento no Programa de Reabilitação Intestinal que, durante o processo de desospitalização, precisam receber treinamento sobre como seguir com os cuidados domiciliares até que estejam aptos a retornarem para casa.

O coordenador médico e professor regente da Divisão de Transplantes de Fígado e Órgãos do Aparelho Digestivo do HCFMUSP, Prof. Dr. Wellington Andraus, explica, por exemplo, que os transplantados de intestino demandam cuidados rigorosos no pré e pós-operatório, devido à maior complexidade imunológica, risco aumentado de infecções, necessidade frequente de nutrição parenteral e manejo clínico mais delicado. Nesse sentido, “a casa pode contribuir de forma significativa para a recuperação desses pacientes ao oferecer um ambiente controlado, com suporte nutricional adequado, monitoramento contínuo, acompanhamento multiprofissional e orientação para adesão ao tratamento, promovendo uma transição mais segura entre a internação e o domicílio, reduzindo o risco de complicações e fortalecendo a autonomia do paciente e de sua família”.

Ao possibilitar que pacientes em condições clínicas estáveis prossigam com o tratamento em ambiente domiciliar, a iniciativa também impacta diretamente a gestão hospitalar, pois aumenta o giro de leitos e reduz despesas hospitalares e a incidência de reinternações.

Além do acolhimento e orientações de saúde, o projeto promoverá atividades socioeducativas, como oficinas de produção artesanal e profissionalização, durante o período de tratamento, visando a integração social do paciente e colaborando para a manutenção da qualidade de vida. 

“Esse serviço tem como propósito assegurar estrutura, conforto, tranquilidade e dignidade para essas pessoas que já enfrentam um momento tão delicado em suas vidas”, afirma Andraus.

A Casa de Apoio é resultado de um trabalho conjunto do Instituto Mais Transplantes, que irá gerí-la, e do HCFMUSP, responsável pelo suporte institucional, integração à rede de cuidado e por ceder o imóvel para uso da divisão que realiza os transplantes de fígado e órgãos do aparelho digestivo na instituição. Também recebeu apoio do Ministério da Saúde, que desembolsou R$ 893 mil para a reforma do espaço, da Fundação Faculdade de Medicina (FFM), que viabilizou mais R$ 272,8 mil para o custeio das despesas do primeiro ano de funcionamento, e R$ 360 mil de doações privadas, para a compra de móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, materiais de consumo e prestações de serviços. A manutenção do serviço dependerá de doações e programas de apoio a projetos sociais.

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