Dr. Tiago Lemos Cerqueira: “a cartilha foi criada para auxiliar os pacientes e seus familiares a conhecer a doença e os procedimentos que antecedem o início das sessões de hemodiálise”. Crédito/foto: Divulgação/HE
A área de Ensino e Pesquisa do Hospital Evangélico de Belo Horizonte acaba de lançar a cartilha “Prepare-se para a jornada do acesso vascular”, que traz todas as informações necessárias para os pacientes que, uma vez diagnosticados com doença renal crônica, estão se preparando para iniciar o tratamento em hemodiálise. O material é resultado de uma parceria entre a instituição e a equipe da pesquisadora Profa. Dra. Jennifer Flythe, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), que atua na área de Nefrologia.
Atualmente, os quatro Centros de Nefrologia do Hospital Evangélico são os maiores fornecedores de serviços de diálise para o Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais, com cerca de 3 mil pacientes atendidos mensalmente em Belo Horizonte (2), Contagem (1) e Betim (1), com pelo menos três sessões semanais do procedimento, que tem duração mínima de quatro horas. As unidades funcionam em três turnos diários, de segunda-feira a sábado, e não pararam durante a pandemia de Covid-19.
O médico nefrologista, coordenador de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde do Hospital Evangélico de Belo Horizonte, mestre em Pesquisa Clínica pela Universidade de Dresden, na Alemanha e membro da Sociedade Americana de Nefrologia (FASN), Dr. Tiago Lemos Cerqueira, explica que a cartilha foi criada para auxiliar os pacientes e seus familiares a conhecer a doença e os procedimentos que antecedem o início das sessões de hemodiálise.
“Acreditamos que essas informações repercutem positivamente na qualidade da diálise que o paciente vai receber. Quando a pessoa começa o tratamento bem preparada, as chances de complicações e faltas às sessões caem, bem como o nível de ansiedade em relação a resultados e ao desconhecido”, afirma.
Preparativos – A diálise requer um preparo do corpo, geralmente pelo braço, para que o procedimento seja realizado. O acesso vascular – por meio da fístula, implantação de prótese ou de cateter – faz a ligação entre a veia e a artéria por meio de uma pequena cirurgia que leva meses para ter uma cicatrização total e ficar pronta para uso na hemodiálise. “A cartilha também fala a respeito dos prós e contras de cada um desses métodos. Cada paciente vai precisar de um tipo. O tratamento é individualizado, mas o importante é que ele saiba que precisa ter atenção e cuidar ao máximo desses acessos para evitar novas cirurgias e complicações”, alerta.
A parceria com a Universidade da Carolina do Norte vai continuar, por meio de um projeto de pesquisa sobre educação em diálise no Brasil, a ser realizado pela área de Ensino e Pesquisa do Hospital Evangélico de Belo Horizonte. “A área foi criada para desenvolver estudos que possam melhorar a qualidade do tratamento para os pacientes e incrementar os processos internos para alcançar melhores resultados na gestão hospitalar, por meio de dados em saúde. Também temos interesse em avaliar novas tecnologias e em apoiar pesquisas na área de saúde”, conclui Tiago Cerqueira.
Demanda crescente – A cada ano no Brasil, 20 mil pacientes renais crônicos recebem a indicação médica para o tratamento com hemodiálise, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). A doença renal crônica está diretamente relacionada às condições de vida. Alimentação saudável, exercícios físicos regulares e ingestão de bastante água ajudam a evitar danos aos rins, mas o tratamento e controle de fatores de risco, como diabetes, hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares e tabagismo, são as principais formas de prevenção. O diagnóstico precoce ajuda a evitar o avanço da doença, na maioria dos casos.