Hospital Vila da Serra: Simpósio Online sobre Vitalidade Fetal

Diretrizes assistenciais no feto com restrição de crescimento

O médico Francisco Eduardo de Carvalho Lima, especialista em Medicina Fetal: “o objetivo é unificarmos as condutas sobre o manejo do feto com restrição de crescimento”

O Hospital Vila da Serra realiza no próximo dia 18 de julho, às 11h, o I Simpósio Online sobre Vitalidade Fetal voltado para profissionais da área e interessados. De acordo com o diretor da Clínica Fetali, Dr. Francisco Eduardo de Carvalho Lima, especialista em Medicina Fetal, o objetivo é “unificarmos as condutas sobre o acompanhamento e manejo do feto com restrição de crescimento, formando um protocolo institucional, com base nas melhores evidências cientificas”. Nesta entrevista, ele fala um pouco sobre o assunto, lembrando que o evento é gratuito e pode ser acessado através da plataforma Sympla.

Dr. Francisco Lima, o que é vitalidade fetal?

Na gestação, especialmente nas de alto risco, pela ação de vários fatores, pode haver distúrbios no suprimento de oxigênio e nutrientes da placenta para o feto, provocando um quadro chamado de sofrimento fetal crônico, que pode ser grave ou leve. Com o aperfeiçoamento da tecnologia é possível realizar uma vigilância da condição fetal, através de parâmetros avaliados pelo ultrassom e pela frequência cardíaca fetal, e, assim, proporcionar uma análise da maneira mais segura de seguimento do feto e do momento mais apropriado para a realização do parto.

O Simpósio irá debates essa e outras questões relacionadas, como, por exemplo, as principais diretrizes assistenciais no feto com restrição de crescimento. Quais são essas diretrizes?

A restrição de crescimento fetal possui diversos protocolos de acompanhamento em diferentes países e instituições de saúde, tornando o diagnóstico, seguimento e a conduta muito variável. Então, é preciso unificar essas definições para obter uma rotina mais padronizada e segura de acompanhamento do feto com restrição de crescimento fetal, com base em estudos científicos com o melhor nível de evidência atual, formando um protocolo assistencial do hospital Vila da Serra.

O que o senhor pode destacar sobre definição de restrição do crescimento fetal?

A definição do verdadeiro feto com restrição de crescimento permanece elusivo, e o seu manejo é um desafio devido a variabilidade da apresentação clínica. A melhor maneira de identificar um feto restrito ainda está para ser determinado. Então, o feto com peso baixo ainda é a melhor alternativa para a prática clínica, e utilizando alguns parâmetros do ultrassom Doppler conseguimos realizar um diagnóstico mais preciso.

Estatisticamente, são muitos os problemas de restrição uterina? O senhor pode citar alguma estatística com respectiva fonte?

A restrição de crescimento fetal ocorre em mais de 10% das gestações e é a segunda causa de parto prematuro, sendo também uma das causas mais comuns de maus resultados perinatais, incluindo o óbito. Atualmente, representa um dos principais fatores de risco para atraso neurológicos a longo prazo. Há evidência de que nascer com peso baixo tem importantes implicações na qualidade de saúde na vida adulta, como diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia. Esses dados foram publicados em um artigo da revista American Journal of Obstetrics and Gynecology, em 2020.

Em que consiste a fisiopatologia da restrição do crescimento fetal precoce e tardio?

A restrição de crescimento fetal apresenta sob dois padrões clínicos, conforme determinado pela a idade gestacional de início. Consideramos a idade entre 32 – 34 semanas para fazer essa diferenciação. Os casos que aparecem mais prematuros (antes de 32 – 34 semanas) apresentam um padrão de deterioração fetal progressivo, com uma insuficiência placentária grave, associação com a pré-eclâmpsia materna e tem, na prematuridade, um grande desafio. Nos casos de apresentação tardia, que aparecem após 32-34 semanas, não apresentam um padrão de deterioração da vitalidade fetal, são a maioria dos casos de restrição, têm uma associação baixa com pré-eclâmpsia materna e a insuficiência placentária é leve.

O que o senhor pode salientar sobre os métodos de avaliação da vitalidade fetal? Como utilizá-los?

A avaliação do bem-estar fetal é realizada pelo ultrassom obstétrico com Doppler e a cardiotocografia. É importante a utilização dos dois métodos em conjunto para seguimento do feto com baixo peso. E, dependendo da alteração do parâmetro, o acompanhamento fetal deve ser realizado em intervalos menores, sendo em alguns casos necessário internação da gestante em um ambiente hospitalar. O momento do parto também é decidido pelos achados da vitalidade fetal.

Programa:

Palestrante: Dr. Francisco Eduardo de Carvalho Lima

Palestrante: Dr. Hugo Drumond Ribeiro

Palestrante: Dra. Marianna Amaral Pedroso

Palestrante: Dr. Fábio Batistuta de Mesquita

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