Dr. Carlos Alberto Marcondes de Oliveira: “para mulheres com menstruação irregular como, por exemplo, as que sofrem com a síndrome dos ovários policísticos, a indução permite que a mulher tenha um período fértil previsível”. Crédito: SBRA
Colocar algodão em sapatinhos de bebê, rosa vermelha ao sol, tomar vitaminas e acender velas… Recomendações e superstições não faltam quando o assunto é dificuldade em engravidar. Mas, o que realmente pode aumentar as chances dessas mulheres gerarem o tão sonhado filho? De acordo com especialista da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Carlos Alberto Marcondes de Oliveira/São Paulo/SP, a indução da ovulação pode ser uma boa opção. Estudos apontam que o procedimento é considerado bastante eficaz, ampliando a ovulação de 70% das pacientes atendidas nos primeiros meses de tratamento.
Segundo ele, o procedimento é realizado através de medicações e pode ser feito por casais que vêm encontrando dificuldades na concepção. “Em geral, esta técnica é utilizada para mulheres com ciclos menstruais irregulares ou passando por um tratamento de Fertilização In Vitro. Após a menstruação natural ou induzida, a mulher inicia as medicações para estímulo ovariano. Tais medicações podem ser administradas por via oral ou por injeções subcutâneas”, explica, observando que a técnica pode trazer alguns benefícios para estas mulheres e aumentar as chances de reprodução.
“Para mulheres com menstruação irregular como, por exemplo, as que sofrem com a síndrome dos ovários policísticos, ela permite que a mulher tenha um período fértil previsível. Além disso, naquelas que realizam a Fertilização In Vitro (FIV), essa técnica permite que vários óvulos sejam coletados, para que sejam formados diversos embriões e assim selecionados, aumentando a chance de gravidez”, informa.
Recomendações – A Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) recomenda que antes de qualquer coisa, as mulheres ou casais devem procurar um especialista em reprodução assistida para se informar melhor sobre o procedimento. Assim, sempre que realizada a indução de ovulação ou estimulação ovariana, devem ser feitos exames, como ultrassons seriados, para acompanhamento médico. Com isso, será possível, se necessário, a troca das doses das medicações ou, até mesmo, recomendada a administração de remédios para evitar a Síndrome do Hiperestimulo Ovariano.
A Síndrome do Hiperestimulo Ovariano é a complicação mais grave dos tratamentos de reprodução assistida. É caracterizada por uma resposta excessiva do organismo feminino aos medicamentos utilizados para o crescimento dos folículos (pequenos cistos que contêm os óvulos) associado ao alto nível de estrogênio, o que geralmente resulta no aumento do tamanho dos ovários e extravasamento do líquido presente dentro dos vasos sanguíneos para outras regiões do corpo. Além disso, ao ser induzida à ovulação, pode ocorrer a produção de mais de um óvulo, o que pode aumentar o risco de gestação gemelar, ou seja, a gravidez de mais de um feto. De acordo com pesquisas médicas, a incidência desta síndrome de forma moderada ocorre em aproximadamente 3% a 6% das pacientes e menos de 1% será diagnosticada com a forma grave.