Por Dr. José Branco, Presidente na Sociedade Médica de Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) do Brasil, Membro da Direção Executiva do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), Diretor Técnico do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), Diretor Médico da CLOUDSAÚDE
O recente relatório divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sobre a Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente oferece uma visão desafiadora do panorama da assistência à saúde em nosso país. Embora os dados apontem para avanços em determinadas áreas, como a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), fica evidente que ainda há lacunas significativas a serem preenchidas, no que diz respeito à implementação de protocolos essenciais de segurança.
É encorajador observar que muitos hospitais estão investindo recursos na prevenção e controle de IRAS, demonstrando um compromisso com a segurança tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde. No entanto, o relatório também destaca falhas que precisam de atenção na implementação de outros protocolos fundamentais, como o Protocolo de Identificação do Paciente e o Plano de Segurança do Paciente.
A divergência entre o que é relatado pelos hospitais e o que é observado in loco ressalta a necessidade urgente de uma abordagem mais rigorosa e sistemática para garantir a conformidade com os protocolos de segurança. Não podemos nos contentar com uma mera documentação de práticas: é imperativo que esses protocolos sejam efetivamente implementados e seguidos em todas as instâncias.
É exemplar a iniciativa da ANVISA, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), de disponibilizar protocolos nacionais e revisar manuais de segurança e qualidade. Entretanto, é imprescindível que essas medidas sejam acompanhadas por um compromisso contínuo das instituições de saúde em priorizar a segurança do paciente em todas as etapas do atendimento.
O aumento na proporção de critérios em conformidade ao longo do tempo é um sinal positivo, mas não devemos nos acomodar com os progressos alcançados até agora. É essencial que continuemos a buscar melhorias e a promover uma cultura de segurança que permeie todas as camadas das instituições de saúde. Além disso, reconhecer que a qualidade dos dados é fundamental para garantir a eficácia das avaliações de segurança do paciente.
Diante dos desafios apresentados pelo relatório da ANVISA, é hora de reafirmarmos nosso compromisso com a segurança do paciente e dos profissionais de saúde. Investir em práticas e protocolos que reforcem essa segurança não é apenas uma escolha ética, mas uma necessidade inadiável para garantir a excelência na assistência à saúde em nosso país.