Janeiro Branco: o impacto do diagnóstico oncológico além da saúde física
Psicóloga Renata Gonçalves: “o indivíduo precisa ser visto e cuidado de forma global para que sua individualidade seja respeitada e, principalmente, considerada durante todo o processo de tratamento”.
O primeiro mês de 2024 e a campanha do Janeiro Branco trazem diversas reflexões sobre como iremos nos comportar durante o novo ano e como nossos pensamentos influenciam o dia a dia. Receber o diagnóstico de um câncer pode acarretar diversos impactos que não se restringem ao corpo físico, mas também à condição psicológica do paciente (e familiares), alteração de rotina, possível impacto na qualidade de vida, relações sociais e área financeira.
De acordo com a psicóloga Renata Gonçalves, responsável pelo Serviço de Psicologia do IOP (Instituto de Oncologia do Paraná), “o indivíduo precisa ser visto e cuidado de forma global para que sua individualidade seja respeitada e, principalmente, considerada, durante todo o processo de tratamento. Desse modo, é de extrema importância que o paciente oncológico tenha a oportunidade de receber suporte de psicólogos especializados (psico-oncologistas), para que o devido acompanhamento emocional seja iniciado antes mesmo do seu tratamento”. O acompanhamento psicológico favorecerá a construção de estratégias de enfrentamento, a otimização da qualidade de vida e a oferta de espaço de escuta e acolhimento, onde os medos poderão ser vistos, reconhecidos e, por fim, trabalhados.
Vale ressaltar que o acompanhamento também pode ser necessário para os familiares, tendo em vista que também são pessoas que poderão sentir o impacto deste novo momento vivido e, se adequadamente acolhidos e orientados, serão uma ótima fonte de apoio para aquele que mais precisa: o paciente. “É natural que, no início da trajetória oncológica, sentimentos como medo, tristeza e episódios de ansiedade surjam e é importante que tais emoções sejam vivenciadas, sem repressão. Mas, no decorrer do tratamento e da familiarização com o processo, o intuito é que voltemos a focar no indivíduo e na sua própria vida e não apenas na temática da oncologia, ressignificando a experiência e encontrando estratégias para lidar com essa etapa”, complementa Renata.
Quando isso não se faz possível, é importante estar atento a episódios frequentes de ansiedade, tristeza permanente ou apatia, desesperança, alterações no sono ou no apetite, para que o devido cuidado com a saúde mental deste paciente seja ofertado. Por isso, a importância de um acompanhamento psicológico pré, durante e pós tratamento.
Para Renata Gonçalves, “é possível viver o processo oncológico acolhendo seus medos e impactos emocionais, sem que necessariamente eles se tornem o resumo dos seus dias e pensamentos. É possível ressignificarmos o processo (se houver desejo para tal) e encontrarmos um caminho de leveza em meio a dias difíceis”.