Dra. Ludhmila Hajjar: “não adianta apenas nós, especialistas, termos informações sobre como identificar e tratar a sepse, precisamos repassar isso a todos os que tratam os pacientes”
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Em aula inaugural do curso “Jornada Sepse Zero”, a médica emergencista, intensivista e cardiologista Ludhmila Hajjar, Professora Titular da Disciplina de Emergências Clínicas da FMUSP e especialista no assunto, lembrou que a septicemia, ou Sepse, infecção generalizada, mata 11 milhões de pessoas anualmente, sendo cerca de 240 mil só no Brasil. Por isso, segundo ela, o conhecimento sobre o assunto e dos protocolos de tratamento tem de ser difundido. “Não adianta apenas nós, especialistas, termos informações sobre como identificar e tratar a sepse, precisamos repassar isso a todos os que tratam os pacientes.”
Conforme destacou também, na cerimônia de abertura do evento, o médico Leandro Taniguchi, médico supervisor da UTI Clínica do Hospital das Clínicas, em São Paulo, não é preciso alta tecnologia para cuidar de pacientes com sepse, mas sim agir rápido.
Ele é orientador do programa de pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, e em sua fala, lembrou que “a primeira hora é chamada de ‘Hora de Ouro’, pois o sucesso do tratamento depende dos cuidados dispensados ao paciente assim que surgem os sinais de sepse”, explicou.
O tratamento, segundo os especialistas, deve ser sempre iniciado com o uso de antibióticos e, posteriormente, personalizados de acordo com a evolução de cada paciente.
Um dado que chama a atenção é relativo ao número de óbitos, que atinge 40,6% dos pacientes na rede pública. Já na rede particular o índice é de 19,2%. Isso acontece nem sempre pela falta de medicamentos ou equipamentos, mas, sim, pela demora no atendimento. “O tempo é muito importe”, alerta Ludhmila. “Temos uma hora para mudar a história de cada vida.”
A aula faz parte do curso on-line inédito sobre o tema, criado pela empresa Território Saber, braço educacional do grupo Primum, que oferece cursos de pós-graduação médica. Em pesquisa feita sobre o tema, divulgada nesta semana, a Território Saber ouviu 307 médicos sobre o assunto. Metade afirmou ter conhecimento “intermediário” sobre o manejo da infecção generalizada.
Aproximadamente 50% dos respondentes usam os critérios de SOFA (Sequential Organ Failure Assessment), ou, em tradução livre, “Avaliação sequencial de falhas de órgãos”, recurso clínico utilizado para avaliar e monitorar disfunções orgânicas em pacientes com sepse.
A principal causa da alta taxa de letalidade (de 55%) por sepse ou infecção generalizada, no Brasil, é a falta de diagnóstico precoce, aponta pesquisa.
Dos profissionais que participaram da enquete, cerca de 65% afirmaram que iniciam terapia com antibióticos em menos de uma hora – o principal entrave para uma resposta mais rápida é a disponibilidade de recursos no hospital. Outra dificuldade, apontou aproximadamente 1/3 da base respondente, é o treinamento recebido pelas equipes médicas tido como insuficiente; além do tempo excessivo para confirmação do diagnóstico.
Sete em cada dez respondentes afirmaram avaliar e gerenciar caso a caso sobre possíveis comorbidades em pacientes com sepse. Já em relação a uso de protocolos específicos, quatro em dez respondentes disseram seguir procedimentos específicos. Mas a maioria, cerca de 80%, afirmou ser um desafio o cuidado de pacientes com sepse e comorbidades.