Psicólogo Danilo Suassuna: “quando capacitamos os idosos no uso das tecnologias, estamos promovendo sua autonomia e autoestima, além de contribuir para sua inserção na sociedade contemporânea, que é fortemente digital”.
O envelhecimento da população brasileira é uma realidade inegável. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos no Brasil tem crescido substancialmente. De acordo com o órgão, até 2030 o país terá mais idosos do que crianças e adolescentes. Em junho, mês dedicado ao idoso e à conscientização sobre a violência contra essa parcela da população, torna-se ainda mais relevante discutir a inclusão digital e o envelhecimento ativo como ferramentas para combater o isolamento social e promover a qualidade de vida dos idosos.
Conforme o Censo Demográfico 2022, realizado pelo IBGE, o Brasil possui mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 15,6% da população total do país. Esse número mostra um aumento significativo em relação a 2010, quando a população idosa era de 20,5 milhões (10,8% dos brasileiros). Esta parcela da população brasileira está crescendo a um ritmo acelerado: em 12 anos, o número de pessoas com 65 anos ou mais aumentou 57,4%.
A inclusão digital vem tentando acompanhar esse ritmo. Segundo pesquisa da TI Inside, realizada em setembro de 2022, 85% dos idosos brasileiros acessam a internet todos ou quase todos os dias da semana. Esse número demonstra um alto nível de conectividade entre esse grupo populacional.
Como afirma Danilo Suassuna, Doutor em Psicologia e diretor do Instituto Suassuna de Goiânia/GO, a inclusão digital dos idosos é um passo fundamental para assegurar que essa população se mantenha ativa e conectada. A capacitação no uso de tecnologias não apenas proporciona acesso à informação e serviços, mas, também, facilita a comunicação com familiares e amigos, contribuindo para a redução do isolamento social. Segundo ele, “a tecnologia pode ser um importante aliado na promoção do envelhecimento ativo, permitindo que os idosos se mantenham socialmente integrados e mentalmente estimulados”.
Nesse sentido, programas de capacitação digital têm sido implementados em diversas regiões do Brasil, com foco na alfabetização tecnológica de idosos. Esses programas, geralmente oferecidos por ONGs, instituições de ensino e governos locais, buscam ensinar desde o uso básico de smartphones e computadores até a navegação segura na internet. Além disso, muitos desses programas incluem aulas sobre redes sociais, proporcionando aos idosos as habilidades necessárias para manter contato com amigos e familiares de forma virtual.
Para o professor Suassuna, “a inclusão digital dos idosos é uma questão de cidadania. Quando capacitamos os idosos no uso das tecnologias, estamos promovendo sua autonomia e autoestima, além de contribuir para sua inserção na sociedade contemporânea, que é fortemente digital”. Mas, a promoção do envelhecimento ativo vai além da inclusão digital, afirma. Ela envolve a criação de ambientes que incentivem a participação dos idosos em atividades físicas, culturais e sociais. O envolvimento em atividades comunitárias, por exemplo, tem mostrado ser eficaz na melhoria da saúde mental e física dos idosos. “Essas atividades ajudam a manter a mente ativa, promovem o senso de pertencimento e combatem o isolamento social”, explica Suassuna.
Além disso, a capacitação digital pode contribuir para a proteção dos idosos contra golpes e fraudes, que, infelizmente, são comuns no ambiente online. “A educação digital deve incluir orientações sobre segurança online, para que os idosos saibam identificar possíveis riscos e se protegerem adequadamente”, enfatiza Suassuna.
Por fim, o especialista lembra que boa parte dessa educação tecnológica pode acontecer de forma autodidata ou gratuita, por meio do auxílio de pessoas próximas. Afinal, crianças e adolescentes podem colaborar na capacitação de seus familiares idosos, contribuindo, assim, para uma troca intergeracional. Ferramentas como as redes sociais podem, inclusive, aproximar os membros familiares de diferentes faixas etárias.
O mês de junho vem intensificar a inclusão de idosos nas tecnologias digitais em virtude do período ser conhecido como Junho Violeta, mês de sensibilização e prevenção contra a violência contra pessoas idosas. Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu em 2011, o dia 15 de junho como Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa. O objetivo é chamar a atenção para a violação dos direitos dos idosos e para a importância de denunciar e combater este problema.
Junho coloca, assim, em pauta as questões importantes para a população idosa e serve como um lembrete da importância de promover políticas públicas e iniciativas que favoreçam a inclusão digital e o envelhecimento ativo. Investir na capacitação tecnológica dos idosos e criar oportunidades para sua participação social são passos essenciais para assegurar uma terceira idade digna, ativa e conectada.