O ortopedista Rodrigo D´Alessandro: “a dor na coluna pode ocorrer em todas as faixas etárias”
Uma das queixas mais frequentes na Ortopedia são as dores de coluna, denominadas cientificamente como cervicalgias, dorsalgias ou lombalgias, a depender da região da coluna vertebral na qual o sintoma é referido. Elas correspondem, por pelo menos, a 1/3 de todas as reclamações em consultórios de ortopedia, sendo também a segunda maior causa de abstenção ao trabalho, ficando atrás das infecções de vias aéreas superiores (gripe) e a segunda queixa de dor, ficando atrás da cefaleia.
De acordo com o Dr. Rodrigo D´Alessandro de Macedo, especialista em Coluna do Instituto Mineiro de Ortopedia e Traumatologia (IMOT) e médico ortopedista do Hospital Lifecenter, em Belo Horizonte, “25% dos pacientes, entre 30 e 50 anos de idade, queixam-se de dor na coluna”. A lombalgia é atualmente a causa principal de incapacidade no mundo. Além do impacto na vida dos pacientes, existe um forte impacto financeiro para sociedade que advém não só dos custos com consulta, exames, remédios, e medidas de reabilitação como abstenção ao trabalho e suporte previdenciário. Existe uma previsão de aumento desses custos nas próximas décadas. Este dado afeta especialmente países em desenvolvimento, pois uma parte do dinheiro da saúde (que já é limitado) terá que ser desviado para tratar esses pacientes. Sendo assim, é importante considerar a dor na coluna como uma preocupação de saúde pública de escala mundial.
Segundo ele, a coluna é dividida em três curvas fisiológicas básicas, classificadas de lordose cervical, cifose torácica e lordose lombar. A dor na coluna pode ocorrer em todas as faixas etárias. Sua intensidade é um dos sinais de alerta. Se a dor for intensa, pode indicar grave problema, como infecção e/ou um tumor. Outros sinais de alerta citados são: presença de sintomas constitucionais associados como emagrecimento e ou febre, dor que acorda o paciente a noite e pacientes com história pregressa de câncer, uso de corticoide e osteoporose avançada. Noventa por cento dos queixosos melhoram em três meses; sendo que a recorrência é frequente. O restante – 7% que sofrem de dor crônica-, só restabelece após seis meses, e após um ano, apenas 2%. E o remanescente – 1% – permanecem com dor crônica que continua sentido dor a vida toda. Apesar de extremamente frequente, somente uma pequena percentagem dos pacientes apresentam uma causa patológica definida, como por exemplo: fratura vertebral, tumores ou infecção. Situações que requerem diagnóstico precoce e tratamento específico para a doença.
Entre os fatores de risco e/ou de predisposição, o especialista destaca a obesidade, o tabagismo, o trabalho manual, acidentes, distúrbio psicossocial, ganho secundário e idade. “Em 15% dos casos, a causa pode ser diagnosticada, mas em sua grande maioria – 85% – é inespecífica. Dr. Rodrigo D’Alessandro, cita que na maioria das vezes, a dor tem um curso de sintomas autolimitado, com uma causa mecânica não-especifica. Esse quadro pode ser agravado por fatores psicológicos e comorbidades psiquiátricas (como ansiedade e/ou depressão) geralmente não reconhecidas pelas pacientes, que podem manifestar-se associadas a queixa de dor, geralmente difusa ou piora da dor. Somado a isso, há aspectos multifacetários da dor crônica que também dificultam saber com clareza sua causa.
Entre as opções de investigação, o médico dispõe de importantes ferramentas, como a radiografia, ressonância magnética, tomografia, mielografia (exame em que é injetado um contraste no espaço peridural), ENMG (eletroneuromiografia – auxilia no diagnóstico de doenças neurológicas) e exames laboratoriais para verificação se há causas específicas para a causa de dor. “Cabe frisar que nem todos pacientes precisam de todos os exames, uma vez que na maioria das vezes não existe um diagnóstico especifico e existem diversos protocolos validados internacionalmente e baseados em relação custo-benefício para solicitar os exames”.
De acordo com o Dr. Rodrigo D’Alessandro, o tratamento varia conforme o diagnóstico. No caso das lombalgias inespecíficas as opções terapêuticas variam como: repouso (geralmente por curtos períodos), uso de analgésicos, relaxantes musculares, medidas de reabilitação e orientações para corrigir fatores que predispõem a dor como atividade física, perda de peso e abordagem comportamental e cognitiva. Em determinadas circunstâncias podem ser associados antidepressivos, eurocépticos, infiltrações, uso de coletes. Há também o uso de terapias complementares para redução da dor, hipnose, aplicação de calor e frio no local, massagem, e acupuntura” Como forma de prevenção, ele alerta para os fatores de risco, como a obesidade e o tabagismo, entre os já citados acima, e sugere a melhoria do condicionamento físico, da força, alongamento e amplitude de movimento, bem como a ter uma melhor postura corporal. E no caso de dor, procurar o especialista.
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