O Kisunla (donanemabe), é o primeiro medicamento modificador da doença de Alzheimer e já está sendo oferecido nos hospitais da rede. Primeiros pacientes já iniciaram tratamento em Salvador
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A Rede Mater Dei de Saúde começou a oferecer, em agosto, o Kisunla(donanemabe), da Lilly, novo tratamento modificador do curso inicial do Alzheimer, doença neurodegenerativa, que afeta 1,2 milhão de brasileiros, com 100 mil novos casos diagnosticados por ano no país. A terapia já se encontra disponível em todos os hospitais da rede. A unidade Mater Dei Salvador iniciou o tratamento do primeiro paciente, tendo sido a primeira instituição da Bahia a viabilizar essa opção terapêutica.
De acordo com o neurologista especialista em demências Dr. Ricardo Alvim, coordenador do Serviço de Neurologia do Hospital Mater Dei Salvador, “a doença de Alzheimer representa a principal causa de demência global e também no Brasil. Recentemente, a introdução de medicamentos, como o donanemabe, marcou um avanço significativo. Embora sua indicação seja restrita a uma minoria de pacientes que preenchem critérios específicos, ele representa uma nova era no tratamento do Alzheimer, gerando um otimismo crescente na comunidade científica”.
A chegada do Kisunla é recente, e o acesso ao medicamento ainda é incipiente no país, sem previsão de disponibilização via Sistema Único de Saúde (SUS) ou por convênio médico. Somente pessoas com casos leves e iniciais de Alzheimer, e com a presença de placas amiloides no cérebro (que prejudicam a comunicação entre neurônios e resultando no declínio cognitivo característico da doença), comprovada por exames, têm indicação para o uso do tratamento. O donanemabe é um anticorpo monoclonal que elimina essas placas, retardando o progresso degenerativo.
O protocolo da medicação envolve infusão endovenosa, administrada em ambiente hospitalar, com o paciente permanecendo em observação por volta de uma hora e recebendo alta no mesmo dia. Embora seja um tratamento relativamente seguro e com baixo risco de complicações durante a infusão, exige um monitoramento rigoroso. Isso inclui a realização de ressonâncias magnéticas entre as infusões iniciais e a atenção ao paciente para identificar possíveis reações adversas, como edema ou sangramento cerebral, que podem ocorrer durante ou após a infusão.
“Embora essas complicações possam ocorrer, raramente são clinicamente graves. Por isso, é crucial selecionar cuidadosamente os pacientes, garantindo que possuam uma rede de apoio familiar e que possam realizar ressonâncias periódicas. Pacientes que não toleram ou têm contraindicação para ressonância não devem receber essa medicação, pois as ressonâncias são essenciais para diagnosticar complicações e decidir se a dose deve ser atrasada ou a medicação suspensa, por exemplo”, explica o neurologista.
No Mater Dei, o fluxo depende da indicação do tratamento feita por um neurologista ou geriatra que esteja acompanhando o paciente, que fornece relatório e prescrição médica. A solicitação é, então, recebida pelo Centro de Infusão, que dá prosseguimento às análises do caso, podendo acionar também a equipe de neurologia do hospital, que pode auxiliar na decisão de seguir ou não com o tratamento, a depender do caso.
As infusões são realizadas mensalmente, e o fluxograma de ressonâncias nos primeiros meses é revisado para garantir a viabilidade das doses seguintes. O tratamento completo dura 18 meses, mas pode ser suspenso antes, caso haja uma alteração comprovada no status das placas amiloides, verificada por um exame de imagem cerebral chamado PET amiloide.