Este espaço tem como objetivo apresentar a trajetória de estudantes de Medicina e Saúde em sua profissionalização. Tempo de grandes desafios para o estudante em diversas áreas de sua vida.
Entrevista com Wagner Scalabrini Neto
Wagner Scalabrini Neto: “meu olhar sobre a Medicina não mudou muito, sempre acreditei se tratar de uma profissão que tem o seu prestígio, entretanto que necessita de muito esforço e dedicação ”
Como se sabe, a vida universitária é muito importante, pois determina os caminhos profissionais a serem seguidos. É momento também de interação com colegas e professores, o que ajuda a ter uma visão de mundo mais rica.
Em se tratando da Medicina, o curso exige bastante do estudante, pois transmite alto conhecimento e técnica, o que leva a todos que escolhem esta profissão terem uma dedicação quase que integral. Ao longo do curso, o futuro médico se depara com grandes desafios ao conciliar aprendizado, vida familiar e vida social. Afinal, são muitas horas de estudos, o que envolve persistência e força de vontade, e, também, forte disciplina.
Para que o leitor conheça mais essa realidade, o Portal Medicina e Saúde entrevistou Wagner Scalabrini Neto, acadêmico do 9º período de Medicina da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais. Wagner fala de suas atividades, das disciplinas que chamam a sua atenção, programas sociais da faculdade e o que faz para relaxar diante do dia a dia intenso da faculdade, entre outros aspectos. Confira.
Wagner, como estão as atividades de seu curso agora? – Hoje me encontro no Internato de Saúde do Idoso. A partir do momento que se entra no internato, as aulas teóricas são deixadas um pouco de lado e passamos a ter atividades cada vez mais práticas. Acompanhamos a rotina hospitalar e ambulatorial de pacientes geriátricos e sempre discutimos os casos clínicos abrangendo todos os aspectos sintomatológicos, laboratoriais e sociais de cada indivíduo.
Na grade do curso, quais as disciplinas chamam mais a sua atenção e estudos? Por que? – Até hoje a disciplina que mais me chamou atenção e demandou mais estudos foi farmacologia, tendo em vista toda a sua complexidade em relação à estrutura molecular dos fármacos, interação com diferentes tipos de receptores presentes em diferentes áreas do nosso organismo, investimento pesado em drogas cada vez mais tecnológicas, bem como a sua aplicabilidade na prática médica diária, visto que à medida que novos medicamentos surgem, eles podem mudar todo o curso clínico de uma doença, como as diretrizes de tratamento.
Nono período já dá para ter uma ideia de qual especialidade irá seguir? – Ainda não tenho uma especialidade definida. Entretanto, creio que seguirei alguma área clínica e não cirúrgica, por uma questão de melhor aptidão e interesse que notei em mim ao longo do curso.
Olhando a sua caminhada desde que entrou no curso de Medicina até agora, o que mudou em você? – Acredito que atualmente estou mais maduro e disposto a assumir compromissos relacionados à faculdade dos quais antes eu não estava disposto a assumir, como abrir mão de ir em festas ou sair de casa em decorrência de provas, trabalhos, congressos ou até mesmo oportunidades de conhecer algo novo relacionado à medicina, como assistir um procedimento.
Qual o seu olhar antes e hoje da Medicina? – O meu olhar sobre a Medicina não mudou muito. Sempre acreditei se tratar de uma profissão que tem o seu prestígio, mas que necessita de muito esforço e dedicação.
Quais os principais problemas do ensino da Medicina hoje? – Acredito que um problema do ensino médico atual é a dificuldade de conciliar os estudos das disciplinas teóricas da faculdade, que inevitavelmente são muito importantes para a formação de uma base técnica sólida, com atividades extracurriculares, como iniciação científica, artigos, projetos de extensão, monitorias etc., para conseguir pontuação extra nas provas de residência.
O atual ensino condiz com a realidade de mercado? – Acredito que sim, pois condiz com um mercado cada vez mais competitivo em que a diferença entre a aprovação e reprovação nas provas se dá por detalhes.
O estudante está de fato preparado para exercer a Medicina? – Sim, desde que tenha se dedicado o suficiente para exercer uma boa prática médica
Como disse, a Medicina está cada vez mais tecnológica. Nesse sentido, como os cursos vêm acompanhando tal evolução? – A minha faculdade costuma promover simpósios que abordam as evoluções tecnológicas na medicina, além de que nossos professores sempre falam sobre as inovações que vêm acontecendo em termos de tratamento e diagnóstico.
Fale dos programas sociais de sua faculdade. De que maneira eles ajudam a formação do futuro médico? – Esses programas consistem principalmente de ações voltadas para a comunidade, por meio de disciplinas obrigatórias da matriz curricular e atividades extracurriculares, através de Ligas Acadêmicas, projetos de extensão, estágios e outras modalidades. Tais medidas buscam levar o acesso à saúde para populações mais carentes.
Os estudos de Medicina são muito intensos, hoje, o que faz para relaxar? – Costumo realizar atividades que me desligam da faculdade, como ler um livro, praticar atividade física, ver uma série ou filme e sair com os amigos.
O que você pode dizer para quem deseja fazer Medicina? – É um curso muito gratificante, com um leque muito abrangente de áreas a serem seguidas e que oferece inúmeras oportunidades de carreira. Entretanto, tem um custo alto, exigindo esforço e dedicação contínua. Para quem está chegando agora, que é o meu caso, deve estar preparado para enfrentar um mercado cada vez mais competitivo e acirrado, tendo em vista o número crescente de faculdades de Medicina. Além disso, é um curso que te permite conhecer muitas pessoas e que te proporciona muitos eventos e festas, que ajudam bastante a lidar com toda a carga de estresse.