Menstruação sem tabu: como abordar o assunto com sua filha

‘O ideal é que as meninas recebam informações básicas sobre o corpo e o ciclo menstrual antes mesmo da menarca, para que esse momento não seja cercado de medo ou vergonha’, afirma ginecologista
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A menstruação marca uma fase importante no desenvolvimento das meninas e é parte natural da vida reprodutiva feminina. Ainda assim, o assunto continua envolto em tabus e silêncios, o que dificulta o entendimento do próprio corpo e impacta a autoestima das adolescentes. De acordo com a ginecologista Loreta Canivilo, de São Paulo/SP, conversar abertamente com as filhas desde cedo é essencial para que a primeira menstruação, chamada de menarca, seja vivenciada com tranquilidade e consciência.
Quando iniciar a conversa? – Segundo a ginecologista, o diálogo deve começar ainda na infância, de forma leve e compatível com a idade da criança. “O ideal é que as meninas recebam informações básicas sobre o corpo e o ciclo menstrual antes mesmo da menarca, para que esse momento não seja cercado de medo ou vergonha”. A conversa pode começar a partir dos oito ou nove anos, observando os sinais de maturação corporal e respeitando o tempo de cada menina, ressalta a médica.
Sinais do corpo – Entre os principais sinais que antecedem a primeira menstruação estão o crescimento das mamas (telarca), o aparecimento de pelos pubianos, alterações de humor e corrimentos vaginais transparentes. A menarca geralmente ocorre entre os 10 e 14 anos, mas pode variar conforme o organismo de cada menina.
Entendendo o ciclo menstrual – A médica ginecologista Loreta Canivilo reforça a importância de ensinar como funciona o ciclo menstrual. “Ele é contado a partir do primeiro dia da menstruação até o dia anterior à próxima. Em média, dura 28 dias, mas pode variar entre 21 e 35 dias. Ao longo desse período, o corpo passa por alterações hormonais que afetam o útero e os ovários. Entender esse processo ajuda a identificar o que é normal e o que merece atenção médica”.
A médica recomenda também que os responsáveis preparem um “kit de primeiros cuidados”, com diferentes tipos de absorventes, calcinhas adequadas e orientações sobre higiene íntima. “É importante mostrar, na prática, como usar o absorvente. Explique que ele deve ser colocado centralizado na calcinha e trocado a cada três a quatro horas, ou sempre que estiver úmido, para evitar desconforto e infecções”.
A menstruação não deve ser escondida. “Ensine sua filha que não há motivo para sentir vergonha ao carregar um absorvente na mochila ou pedir um item de higiene no banheiro. Isso é cuidado, não constrangimento.”
Além da parte biológica, Loreta sugere abordar questões emocionais. “Menstruar pode vir acompanhado de cólicas, inchaço, irritabilidade e mudanças de humor. Tudo isso é normal, e é importante que as meninas saibam que podem falar sobre isso com confiança.”
A médica ressalta ainda a importância de quebrar o ciclo de desinformação. “Evite frases como ‘isso é coisa de mulher’ ou ‘não se fala sobre isso perto dos outros’. Quanto mais natural for a abordagem, mais saudável será a vivência dessa fase.”
De acordo com a Dra. Loreta, pais, irmãos e responsáveis também devem ser incluídos nessa educação. “Quando os homens da casa se informam e acolhem, ajudamos a construir uma sociedade que respeita a saúde feminina e combate o machismo estrutural presente até mesmo em temas íntimos como a menstruação”, ressalta.