Dr. Eliney Ferreira Faria: “os homens são famosos por serem resistentes em cuidar da própria saúde. Existem muitas exceções, mas as estimativas apontam que entre 50% e 70%, só procuram um médico quando a doença já está em estágio avançado”.
O Novembro Azul é uma campanha mundial, já tradicional, que tem como objetivo a prevenção do câncer de próstata, com várias atividades importantes nesse sentido. A iniciativa é da maior importância pois, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer -INCA, o câncer de próstata é o mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele e de pulmão. As estimativas apontam mais de 68 mil novos casos em 2022, ou 66 em cada grupo de 100 mil homens, sendo a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil.
De acordo com o INCA, são mais de 14 mil óbitos previstos para o ano de 2022. Pelos estudos, em cada grupo de 41 homens, pelo menos 1 morrerá de câncer de próstata.
O câncer de próstata pode ser uma doença grave, mas a maioria dos homens diagnosticados com a doença não irá morrer por causa dela, ou seja, se o homem fizer o diagnóstico precoce, a chance de cura pode ser perto de 99%.
Ação em Belo Horizonte – Na capital mineira uma das ações de prevenção será coordenada pelo urologista Eliney Ferreira Faria, professor da Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Ele tem especialização em câncer de próstata e uro-oncologia e atua também no Instituto de Robótica Uro-Oncologia – ICRON, em Belo Horizonte/MG. O Dr. Eliney Faria fará palestras gratuitas em várias instituições de Belo Horizonte, como na Assembleia Legislativa e nas Ciências Médicas, entre outros locais. Conforme ele informa, o Novembro Azul é uma ótima oportunidade para abordar a saúde masculina, porque a expectativa de vida dos homens é menor do que a das mulheres, “e os motivos são vários. Um deles é que os homens são famosos por serem resistentes em cuidar da própria saúde. Existem muitas exceções, mas as estimativas apontam que entre 50% e 70% só procuram um médico quando a doença já está em estágio avançado”.
Causas – O câncer de Próstata é o tumor que afeta a próstata, glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis, onde sai a urina. “Assim como os principais tipos de câncer, a causa exata desta doença ainda não é totalmente conhecida. Sabe-se que ela surge devido a uma predisposição genética e por meio da interação entre fatores ambientais, o que provoca mutações no DNA. Isso causa o crescimento anormal nas células da próstata, resultando no câncer. O tabagismo pode ser uma das causas dessa mutação genética. De acordo com a literatura médica há mais de 100 genes envolvidos no câncer de próstata”.
O Dr. Eliney Faria explica ainda que o câncer de próstata está também associado à idade, cuja possibilidade de se desenvolver o tumor aumenta 40% em homens com mais de 50 anos, bem como histórico familiar (casos pré-existentes aumentar mais ainda o risco).
Segundo ressalta, a alimentação não é a principal causa para o desenvolvimento do câncer de próstata, mas uma dieta pobre em vegetais e rica em gordura pode aumentar o risco. Homens que estão com sobrepeso costumam também apresentar versões mais agressivas dos tumores, fator que pode complicar o tratamento e diminuir as chances de cura.
Sintomas e diagnóstico – Conforme explica o urologista, o câncer de próstata cresce lentamente e não costuma apresentar sintomas. Porém, em estágios mais avançados pode causar sintomas como dificuldade para urinar e presença de urina com sangue.
Sobre o diagnóstico, “o exame para identificação do câncer de próstata é o Antígeno Prostático Específico (PSA). Quanto maior a quantidade de PSA no sangue, maior a chance do homem ter câncer de próstata. Caso haja alteração nesse exame, ou no toque retal, a doença é confirmada por meio da biópsia (feita com auxílio de ultrassonografia) e da análise anatomopatológica do tecido retirado”, destaca.
A faixa etária predominante dos pacientes é a partir de 50 anos devido ao envelhecimento da próstata e fatores genéticos ligados a este envelhecimento. O especialista que deve tratar desta patologia é sempre o urologista. A doença deve começar a ser pesquisada a partir dos 50 anos. Porém, observa, se há familiares de primeiro grau com a doença, raça negra, ou obesos, a pesquisar deve começar a ser feita a partir de 45 anos.
Tratamento – De acordo com Dr. Eliney Faria, as opções de tratamento vão depender de alguns fatores, como o estágio da doença, idade e expectativa de vida do paciente, bem como sua saúde geral, a probabilidade de cura e a expectativa que ele tem em relação aos efeitos colaterais de cada tratamento. Esse tratamento pode ser desde apenas “vigiar” o tumor se esse for insignificante e de baixo grau, ou cirurgia robótica para remoção do mesmo, ou em casos avançados, combinação de tratamentos como cirurgia, radioterapia e hormonioterapia. Importante consultar um especialista para poder decidir o melhor caminho.