No mês de conscientização sobre a endometriose, especialista fala sobre a importância do diagnóstico e tratamento da doença
O mês de março é marcado pela campanha de conscientização sobre a endometriose. O objetivo é orientar a população sobre as causas, sintomas e tratamento da doença que, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afeta cerca de 10% da população feminina brasileira. Somente em 2019, 11.790 mulheres precisaram de internação por causa da endometriose.
De acordo com o ginecologista Walter Pace, professor e Coordenador Geral da Pós Graduação de Ginecologia da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais e Titular da Academia Mineira de Medicina “a doença é mais frequente em mulheres entre 25 e 35 anos de idade. Por isso, não é à toa que a endometriose é uma das doenças que mais preocupa as mulheres brasileiras, inclusive porque causa muita dor e pode levar à infertilidade”, destaca o médico ao observar que todos os tipos e graus da doença podem influenciar negativamente na reprodução. Além de lidar com a dor e esta questão, muitas têm que trabalhar, cuidar da família e das tarefas domésticas, o que não é nada fácil.
Uma das maiores queixas das pacientes é a dor, principalmente quando associada à menstruação. O diagnóstico não é tão evidente e fica como última opção na pesquisa, entre outras causas.
Segundo ele, até hoje não se sabe, com exatidão, a causa da endometriose, mas uma das possibilidades é a passagem do sangue da menstruação pela trompa. “Sabemos também que trata se de uma doença estrógeno-dependente, que consiste na invasão pelas células do endométrio (tecido que reveste a parede interna do útero e descama durante a menstruação) no músculo do útero ou para fora dele, atingindo órgãos como, o ovário, o intestino e a bexiga, entre outros. Além de se caracterizar por cólicas intensas e progressivas, a doença pode afetar a relação dos casais”.
Os primeiros sintomas da endometriose são cólicas progressivas, muitas vezes intensas, e até mesmo incapacitantes, ou seja, cada vez piores a cada menstruação. A dor ocorre, em geral, na parte inferior do abdome e pode causar desconforto nas relações sexuais.
Se a endometriose estiver localizada na bexiga ou no intestino, pode causar sintomas urinários ou intestinais durante a menstruação como, por exemplo, dor ao urinar ou diarreia, enfatiza Walter Pace, alertando para o fato de que “dores mais intensas podem levar a problemas como cansaço, perda do sono, alterações de humor, depressão, tensão pré-menstrual e dor lombar”.
Como forma de diagnóstico, o ressalta, ele pode ser feito por meio de exame clínico, ultrassom, laparoscopia, ressonância magnética e histeroscopia. O tratamento clínico normalmente é hormonal, que dispõe de novas alternativas, seguras e mais eficazes.
Com relação aos avanços no tratamento, ele aponta a cirurgia em três dimensões, cuja tecnologia permite a visualização melhor da profundidade e das estruturas anatômicas críticas, além de permitir a cirurgia com maior precisão e segurança do que os procedimentos convencionais.
“É importante destacarmos, repetidamente, a importância da prevenção da endometriose, pois é fundamental para o êxito do tratamento”, destaca.
Segundo o médico, ela se faz com a atenção aos sintomas da doença, possibilitando, dessa forma, o diagnóstico precoce. Nesse sentido, ele chama a atenção para o fato da endometriose ser, em geral, evolutiva e o retardo em sua identificação pode levar a estados graves de infertilidade e quadros de dores extremamente acentuadas. “Portanto, é muito importante a conscientização das mulheres sobre a endometriose e os problemas causados pela doença”, conclui.