Endocrinologista Marcela Rassi: ”quando se fala em estilo de vida é preciso entender que a constância está acima de qualquer outro fator ao se pensar em resultados”
Muita gente acredita que o conceito de saúde é “ausência de doença” quando, na verdade, não é. Saúde é, na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, ou seja, não estar doente não significa – necessariamente – estar saudável.
Para a endocrinologista Marcela Rassi, de Brasília/DF, saúde é a somatória de nossas escolhas de vida e que refletem diretamente em nossa qualidade de vida e, consequentemente, longevidade. “Alimentação, higiene do sono, prática constante de atividade física e até mesmo o tempo que dedicamos aos nossos relacionamentos interpessoais são fatores que poucos sabem, mas respondem por 80% dos casos de doenças diagnosticadas que poderiam ser evitadas se os pacientes olhassem com mais atenção ao seu estilo de vida”. Dentro dessas doenças estão alguns tipos de câncer, hipertensão, acidentes cardiovasculares, diabetes, obesidade e até mesmo alguns diagnósticos de demência. Nesse sentido, ressalta, “é importante falar sobre isso porque muitos desses diagnósticos estão entre as maiores taxas de mortalidade e, mais uma vez, são doenças que poderiam ser evitadas”.
Há quem acredite que a mudança precisa ser radical para que se tenha resultados, mas a Dra. Marcela defende que a menor das mudanças já faz diferença ao organismo e que a estratégia de começar pequeno é a que traz mais resultados a longo prazo. “É bastante comum em consultório ouvir de pacientes que eles preferem o radicalismo para que possam ter resultados. Mas o radicalismo traz consigo uma série de restrições que podem não ser sustentadas a longo prazo. Quando se fala em estilo de vida é preciso entender que a constância está acima de qualquer outro fator ao se pensar em resultados. Por isso, a minha sugestão é sempre começar com pequenos passos – muitas vezes adicionando um novo hábito ao invés de querer acabar com um antigo e, aos poucos, fazemos a troca desse hábito”, explica.
Como exemplo, um paciente que precisa cuidar mais da alimentação, mas está acostumado a comer doces ao fim de cada refeição; ao invés de cortar todo e qualquer doce, a sugestão inicial é trocar a sobremesa de sempre por uma fruta depois do jantar. Depois de um mês, substitui-se a sobremesa do almoço e jantar por uma fruta até que esse hábito do doce seja eliminado, não para sempre, mas deixado para ocasiões especiais.
O mesmo com atividade física. “Não adianta o paciente achar que irá para a academia cinco vezes por semana se até ontem ele sequer considerava uma atividade física. Mais vale caminhar durante 20 minutos duas ou três vezes por semana, mantendo essa constância a se matricular em uma academia e não frequentá-la”, observa.
O que é recomendado por qualquer profissional da saúde: qualquer mudança para melhor, por menor que seja, já traz resultados benéficos à manutenção da boa saúde. “E não ache que a mudança funciona apenas para quem é jovem…tenha o paciente a idade que tiver, sempre é válido mudar o estilo de vida. A qualidade de vida e longevidade agradecem”, finaliza Dra. Marcela.