Equipe da Agência Transfusional do Hospital Universitário Ciências Médicas: a médica hematologista Patrícia Fischer com as técnicas em Patologia Clínica, Fabíola e Gláucia.
No mês em que se comemora o Dia Mundial do Doador de Sangue (14 de junho) o estado de Minas vive um período com grande número de casos de dengue. Um problema que além de reduzir a quantidade de doadores, também acaba demandando mais sangue para pacientes com dengue que precisam de transfusão de plaquetas, de hemácias e muitas vezes o fornecimento pela Fundação Hemominas fica comprometido para atendimento eletivo.
O reflexo é sentido nos hospitais da capital e no Hospital Universitário Ciências Médicas, não é diferente. A instituição que atende 100% pacientes do SUS, faz cirurgias de alta complexidade, como cardíacas e transplantes renais e para isso realiza, em média, 210 transfusões por mês.
Para garantir o atendimento o HUCM conta com uma Agência Transfusional, com FREEZER, geladeiras e agitador de plaquetas adequados ao armazenamento dentro das normas técnicas. O local funciona 24h por dia para atender a todos os pacientes de cirurgia, CTI e unidades de internação.
Por isso falar sobre a necessidade da doação de sangue é sempre muito importante, mas o que representa na prática doar sangue? O que acontece com o sangue doado? Você sabia que existe doação total e doação por aférese? Vamos conhecer um pouco mais do processo de doação com a Hematologista Patrícia Fischer Cruz, responsável pela Agência Transfusional do Hospital Universitário Ciências Médicas.
Ela explica, que o sangue é produzido na medula óssea e contém várias células sendo 3 as mais importantes: hemácias, que levam oxigênio para os órgãos do corpo, os leucócitos, responsáveis pela defesa e as plaquetas, que ajudam na coagulação. Mas não é só isso, o sangue contém o plasma, que tem outros fatores de coagulação. Lembrando que a coagulação do sangue evita que o paciente tenha hemorragia.
Com estes componentes o sangue que circula no nosso corpo é chamado de Sangue Total e por isso existe a doação total, feita por um adulto que consegue doar uma bolsa de sangue. Este sangue vai para um setor chamado de fracionamento onde é feita a separação destes componentes em 1 bolsa de hemácias, 1 unidade de plaquetas, 1 unidade de plasma fresco congelado e 1 unidade de CRIOPRECIPITADO, originário do plasma, que também ajuda a tratar problemas de coagulação.
Esta doação de sangue total é a mais comum, mas existe também a doação por aférese que pode salvar mais vidas. Neste caso o doador fica associado a uma máquina que centrifuga o sangue e separa as células, como explica a dra. Patrícia:
“Hoje é muito comum a doação de plaqueta por aférese, onde um único doador consegue doar de 8 a 16 unidades de plaquetas. Só para se ter uma ideia, quando um paciente precisa de plaquetas usa por quilo de peso. Então, um homem de 50 kg precisa de 5 unidades de plaquetas. Se for por doação normal este paciente vai precisar de 5 unidades de doadores diferentes, no caso da aférese ele vai precisar de apenas 1 doador”.
Patrícia ressalta ainda que os doadores espontâneos têm um papel fundamental para os pacientes de hospitais como o Universitário Ciências Médicas, que tem na maioria dos internados, pacientes do interior do estado. São essas que muitas vezes não conhecem ninguém em Belo Horizonte, e quando existe a demanda da transfusão, ocorre a angústia da possibilidade da falta.
Por isso, o Hospital é engajado no estímulo à doação de sangue, e como um hospital-escola esta orientação é passada de forma adequada para que as pessoas possam se tornar doadores. Inclusive, existe na Instituição um Comitê Transfusional que se reúne trimestralmente para discutir a melhor forma de conscientização sobre a doação, como explica a dra. Patrícia: “Precisamos tirar do paciente a responsabilidade pela doação de sangue. Ele precisa de foco no tratamento. Por isso é tão importante o estímulo da doação espontânea”, conclui.