Por: Dr. Luis Alberto Verri
Pediatra do Vera Cruz Hospital/Campinas e especialista em vacinas | CRM 51162
O pediatra Luis Alberto Verri: “no Brasil, a meningite bacteriana mais frequente é a meningocócica, com um índice de mortalidade de cerca de 20% a 30%.”
A meningite meningocócica é uma doença grave que gera um processo inflamatório das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo levar a quadros que requerem hospitalização, deixar sequelas e, inclusive, causar a morte, mesmo com tratamento médico iniciado.
A propósito do Dia Mundial de Combate à Meningite, comemorado no último 24 de abril, todos nós temos um importante papel na conscientização das pessoas sobre as formas de prevenção contra esta tão temida doença. No Brasil, a meningite bacteriana mais frequente é a meningocócica, com um índice de mortalidade de cerca de 20% a 30%. Dos sobreviventes, de 10% a 20% ficam com algum tipo de sequela, tais como amputação de membros, perda auditiva ou comprometimentos neurológicos.
Sua transmissão ocorre através do contato direto com gotículas respiratórias, ou seja, tosses, espirros, beijos e, eventualmente, o compartilhamento de objetos como, copos e talheres contaminados. Embora extremamente perigosa, a meningite meningocócica é imunoprevenível, ou seja, pode ser evitada por meio da vacinação. É espantoso, porém, que mesmo havendo vacina disponível, muitos pais não estejam vacinando seus filhos, deixando-os desprotegidos contra os riscos da doença.
A queda dos índices de vacinação contra meningite meningocócica é preocupante. Segundo o DATASUS, em 2012, a cobertura vacinal contra a meningite tipo C atingiu a meta de 100% e, em 2015, chegou a 98,19%. Em 2020, porém, este índice caiu para 78,19%, apresentando uma redução alarmante, visto que tal lacuna abre portas para a ocorrência de mais casos e, até mesmo, possíveis surtos.
Existem, atualmente, três vacinas disponíveis contra meningite meningocócica. Na rede pública, há a imunização contra a meningite causada pelo meningococo tipo C e contra os tipos A, C, W e Y. Na rede privada, além destas, há também a vacina contra o meningococo B, justamente o tipo de maior ocorrência entre menores de cinco anos, sendo responsável por 60% dos casos.
Um ponto que vale ser destacado é que a vacinação contra a meningite meningocócica não se restringe a crianças, sendo indicada também para adolescentes e adultos jovens, pois estes grupos podem ser portadores assintomáticos da bactéria e, sem saber, podem transmiti-la. O Programa Nacional de Imunização já fez, aliás, a inclusão da faixa etária entre 11 e 12 anos para a vacinação contra a meningite causada pelos meningococos tipos A, C, W e Y.
Sabe-se que, com a pandemia, muitos pais e responsáveis têm protelado a imunização dos filhos. Ocorre que, ao não observarem a atualização da carteira de vacinas de seus filhos, ao não completarem os esquemas vacinais e ao não aplicar as doses de reforço recomendadas, eles ficam mais expostos.
Com a volta às aulas, em maior ou menor grau, crianças e adolescentes voltam a interagir uns com os outros, e o risco de transmissão de meningite, assim como de outras infecções, aumenta. E, no contexto pandêmico, com a atual sobrecarga hospitalar, temos que agir com mais ainda consciência: é por meio da vacinação que podemos evitar doenças que possam levar à hospitalização. Vacinas salvam vidas.