Odontologia Hospitalar: trabalho dos Cirurgiões-Dentistas nos hospitais é fundamental
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No recente Dia Mundial do Hospital (2 de julho), o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) exaltou os profissionais que atuam no setor, destacando a atuação das equipes de Odontologia que compõem e desempenham papel indispensável junto aos médicos, times de enfermagem e demais colaboradores. Apesar de estar presente nos hospitais desde a década de 40, a Odontologia Hospitalar vem ganhando visibilidade nos últimos anos, principalmente após a pandemia da Covid-19, quando a presença e atuação dos Cirurgiões-Dentistas nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) recebeu notoriedade.
Segundo a cirurgiã-dentista Denise Caluta Abranches, presidente da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar do CROSP, a presença deste profissional é de valorosa importância na saúde e recuperação do paciente hospitalizado, atuando nas enfermarias, centro cirúrgicos e sobretudo nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A Odontologia Hospitalar compõe as equipes multiprofissionais dentro do hospital em todos seus setores, contribuindo e compartilhando o conhecimento com as demais equipes na promoção da saúde do paciente como um todo.
O papel da Odontologia na rotina hospitalar – Conforme explica também a cirurgiã-dentista Juliana Paulino Ramalho, membro da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar, este profissional, quando inserido nas equipes multidisciplinares hospitalares, contribui positivamente junto aos diversos profissionais envolvidos nos cuidados com o tratamento de pacientes complexos sistemicamente (cardiopatas, hepatopatas, doentes renais etc.), evitando que doenças bucais agravem doenças de base e que doenças de base ocasionem doenças bucais, removendo focos de infecção em cavidade oral e tratando doenças orais oportunistas. “Nas UTIs, o cirurgião-dentista é fundamental para a prevenção de infecções hospitalares potencialmente fatais, como a pneumonia associada à ventilação mecânica, através de protocolos de higiene oral e da promoção de ações em saúde bucal junto à equipe de cuidados”, pontua Dra. Juliana.
Ela enfatiza também que, na onco-hematologia, muitas vezes porta de entrada do cirurgião-dentista para o atendimento em ambiente hospitalar, o profissional faz o manejo dos efeitos colaterais orais dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia, principalmente nos casos de neoplasias de cabeça e pescoço, agregando tecnologias como a laserterapia.
Dra. Juliana esclarece, ainda, que a Odontologia Hospitalar proporciona bem-estar e conforto nos estágios de terminalidade da vida, através dos cuidados paliativos. “Há também o atendimento a emergências e em modalidade de “home care”. O atendimento pode ser feito à beira leito, sem a necessidade de um consultório odontológico, o que o torna mais acessível, bem como em centro cirúrgico”.
Habilidades – A Odontologia Hospitalar é uma especialidade regulamentada desde 2015. Para atuar nessa área, é necessário habilitar-se, necessitando o profissional ter conhecimentos acerca do fluxo de pacientes, gestão de trabalho hospitalar, protocolos de assistência, registro de informações em prontuário, farmacologia, patologia sistêmica, e que compreenda a linguagem médica. Além disso, é necessário que o profissional interaja com os demais membros da equipe interdisciplinar, além de saber solicitar e interpretar exames complementares.
Valorização – A promoção da Odontologia Hospitalar, segundo Dra. Denise, deve ser considerada como política da saúde pública, com leis governamentais que garantam a presença do cirurgião-dentista no âmbito hospitalar com os reconhecidos benefícios ao paciente e à gestão hospitalar. “Atualmente, possuímos a habilitação hospitalar pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) e, com a evolução e pioneirismo nesta área, com vasto conhecimento e atuações oriundas de muitos estudos e experiências, a especialidade da Odontologia Hospitalar vislumbrará o próximo capítulo na construção desta área de atuação”, pondera Dra. Denise.
Para Dra. Juliana, apesar das dificuldades ainda enfrentadas, como a falta de adesão dos hospitais a procedimentos voltados a Odontologia Hospitalar, o cirurgião-dentista vem conquistando seu espaço no ambiente hospitalar. “Esse avanço gera inúmeros benefícios, como a redução do tempo e gastos de internação, de uso de antibióticos e contribuindo para a saúde geral e qualidade de vida do paciente, o que é extremamente gratificante!”.