ONU destaca hepatites virais como questão de saúde pública

A conscientização pode salvar vidas e ajudar no controle de uma das principais causas de cirrose e câncer de fígado no Brasil e no mundo”, afirma hepatologista

Imagem: Divulgação

O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais é 28 de julho, mas o mês todo ganha a cor amarela para conscientizar as pessoas sobre essa doença. Dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais divulgado pelo Ministério da Saúde em julho do ano passado, mostram que entre 2020 e 2023 foram 785.571 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 171.255 (21,8%) são referentes a hepatite A, 289.029 (36,8%) a hepatite B, 318.916 (40,6%) a casos de hepatite C, 4.525 (0,6%) casos de hepatite D e 1.846 (0,2%) casos de hepatite E. 

O hepatologista Rafael Ximenes, de Goiânia/GO, ressalta a importância desta campanha. “O Julho Amarelo é uma campanha nacional que visa alertar a população sobre os riscos das hepatites virais, incentivar o diagnóstico precoce, promover a vacinação e orientar sobre a prevenção. A conscientização pode salvar vidas e ajudar no controle de uma das principais causas de cirrose e câncer de fígado no Brasil e no mundo”.

Segundo o especialista, quando não tratadas, alguns tipos da doença podem gerar complicações. “As hepatites B e C podem evoluir silenciosamente ao longo dos anos e causar sequelas graves, como cirrose e suas complicações (ascite, encefalopatia hepática, sangramento digestivo) e câncer de fígado. Menos comumente, podem ainda ocorrer alterações de outros órgãos, como rins, articulações e pele. Por isso, o diagnóstico e tratamento precoces são tão importantes”, ressalta.

Para compreender melhor esta realidade, o Dr. Ximenes explica ponto a ponto sobre as hepatites, veja a seguir:

Frequência – “As hepatites virais mais comuns no Brasil são as causadas pelos vírus A, B e C. A hepatite A leva a quadros agudos (geralmente auto-limitados) e é transmitida através de água e alimentos contaminados, estando, portanto, relacionada a condições precárias de saneamento e higiene.  A hepatite B pode ser transmitida através de relações sexuais desprotegidas, sangue ou material contaminado com sangue (como tatuagens, piercings, uso de drogas injetáveis, transfusões, hemodiálise, cirurgias, procedimentos odontológicos, procedimentos estéticos, manicure/pedicure) e de mãe para filhos. Já a hepatite C é transmitida principalmente por sangue ou material contaminado com sangue. Estas duas últimas são mais preocupantes por poderem se tornar crônicas e evoluir para complicações graves, como cirrose e câncer de fígado”, detalha o médico.

Sintomas – O hepatologista lembra que as hepatites virais não apresentam sintomas na fase inicial. “Quando presentes, os sinais podem incluir cansaço excessivo, febre, enjoo, dor abdominal, urina escura, fezes claras e pele e olhos amarelados (icterícia). Em fases avançadas, especialmente nos casos de cirrose e câncer de fígado, podem surgir sintomas graves, como aumento da barriga por acúmulo de líquido (ascite), confusão mental (encefalopatia hepática) e sangramentos digestivos (vômitos com sangue ou sangue nas fezes)”, completa.

Diagnóstico – “Por serem silenciosas, as hepatites muitas vezes são descobertas por acaso, em exames de rotina ou durante doações de sangue. Por isso, é fundamental que pessoas com fatores de risco façam testes sorológicos, disponíveis nos laboratórios privados e gratuitamente na rede pública. Eles são rápidos, simples e confiáveis. É recomendado que todas as pessoas com mais de 40 anos e/ou com histórico de exposição às formas de transmissão mencionadas acima conversem com seu médico para que ele solicite tais exames”, pontua o especialista.

Tratamento – “Na maioria dos casos as hepatites virais têm cura ou controle efetivo da doença. A hepatite A tem resolução espontânea, sem necessidade de medicação específica, sendo o tratamento apenas de suporte e, nos raros casos de evolução mais grave, transplante de fígado. A hepatite B pode ser controlada com medicamentos antivirais que evitam a progressão da doença e que, na maioria dos casos, são mantidos pela vida toda. Já a hepatite C tem cura em mais de 95% dos casos com tratamentos modernos, seguros, de curta duração e disponíveis gratuitamente pelo SUS”, destaca Rafael Ximenes.

Prevenção – “As principais formas de prevenção incluem vacinas contra as hepatites A e B, uso de preservativos nas relações sexuais, não compartilhar agulhas, seringas, escovas de dente ou lâminas de barbear. Cuidados em procedimentos com risco de contato com sangue (tatuagens, piercings, manicure). Acesso a água tratada e boa higiene para prevenir a hepatite A”, detalha o hepatologista.

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