A psico-oncologista Luciana Holtz: alerta quanto a importância do diagnóstico precoce para a cura da doença
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer – INCA, em 2020, mais de 2,3 milhões de mulheres no mundo descobriram que estavam com câncer de mama. Esse tipo de tumor é o que mais acomete a população feminina brasileira e representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas. Também, segundo o órgão, é o que mais mata.
Diante desta realidade, o movimento Outubro Rosa visa conscientizar a população feminina sobre a importância do diagnóstico precoce, pois, quanto antes se descobre a doença, melhores os resultados do tratamento. Nesse sentido, a mamografia é um exame muito importante. Infelizmente, devido à pandemia da Covis 19, muitas mulheres atrasaram a sua realização. Nesse momento, bem mais tranquilo com relação à pandemia, alertam mastologistas e oncologistas: não adiem mais a consulta para que haja chances de cura.
Segundo o Oncoguia, embora o câncer de mama seja mais frequente em mulheres a partir dos 55 anos de idade, ele pode acometer mulheres mais jovens. Por isto mesmo, a recomendação é de iniciar o rastreamento mamográfico aos 40 anos ou mais. Para mulheres com risco aumentado, a mamografia deve ser anual, a partir dos 35 anos de idade.
Variedades – Existem vários tipos de câncer de mama e maneiras diferentes de descrevê-los. O tipo do tumor é determinado pelas células específicas da mama afetadas. A maioria dos cânceres de mama são carcinomas, que começam nas células epiteliais que revestem órgãos e tecidos do corpo. Quando os carcinomas se formam na mama, geralmente são um tipo específico, denominado adenocarcinoma, que começa nas células de um ducto mamário ou nas glândulas produtoras de leite (lóbulos), informa psico-oncologista Luciana Holtz de Camargo Barros, especialista em Bioética e presidente e Diretora Executiva do Instituto Oncoguia, conforme descreve a seguir:
Câncer de mama in situ versus Câncer de mama invasivo
O tipo de câncer de mama também pode se referir se o câncer se disseminou ou não. O câncer de mama in situ é um câncer que começa no ducto de leite e não cresce no restante do tecido mamário. O termo câncer de mama invasivo, ou infiltrante, é usado para descrever qualquer tipo de câncer de mama que se disseminou no tecido mamário circundante.
- Carcinoma ductal in situ (DCIS) – Também conhecido como carcinoma intraductal é considerado não invasivo ou câncer de mama pré-invasivo.
- Câncer de mama invasivo (ou infiltrante) – É aquele que se disseminou pelo tecido mamário adjacente. Os mais comuns são o carcinoma ductal invasivo e o carcinoma lobular invasivo. O carcinoma ductal invasivo representa entre 70% a 80% de todos os cânceres de mama.
Tipos especiais de câncer de mama invasivo
Alguns cânceres de mama invasivos têm características especiais ou se desenvolvem de maneiras diferentes que afetam seu tratamento e prognóstico. Esses tumores são menos comuns, mas podem ser mais graves do que outros tipos de câncer de mama.
- Câncer de mama triplo negativo – É agressivo e representa cerca de 15% dos cânceres de mama. É um câncer difícil de ser tratado.
- Câncer de Mama Inflamatório – É raro e representa 1% a 5% dos cânceres de mama.
Tipos menos comuns de câncer de mama
Existem outros tipos de câncer de mama que afetam outros tipos de células na mama. Esses tumores são muito menos comuns e às vezes precisam de diferentes tipos de tratamento:
- Doença de Paget. Ela começa nos dutos mamários e se dissemina para a pele do mamilo e para a aréola. É raro, com 1% a 3% dos casos de câncer de mama.
- Angiossarcoma. Os sarcomas da mama são raros, representando menos de 1% dos cânceres de mama. O angiossarcoma começa nas células que revestem os vasos sanguíneos ou linfáticos. Pode envolver o tecido mamário ou a pele da mama. Alguns podem estar relacionados ao tratamento radioterápico prévio dessa região.
- Tumor Filoide. É um tipo de tumor de mama muito raro, que se desenvolve no tecido conjuntivo (estroma), em contraste com os carcinomas, que se desenvolvem nos ductos ou lóbulos. A maioria é benigna, mas existem outras formas que são malignas.
Sinais e Sintomas do Câncer de Mama
Os sinais e sintomas do câncer podem variar, e algumas mulheres que têm câncer podem não apresentar nenhum desses sinais e sintomas. De qualquer maneira, é recomendável que a mulher conheça suas mamas e saiba reconhecer alterações para poder alertar o médico.
A melhor época do mês para a mulher que ainda menstrua procurar alterações nas mamas é alguns dias após a menstruação, quando elas estão menos inchadas. Para as que já passaram a menopausa, o autoexame pode ser feito em qualquer época do mês.
“Qualquer alteração que você venha a observar deve ser comunicada imediatamente ao seu médico, mesmo que elas tenham aparecido pouco tempo depois da última mamografia que realizou ou do exame clínico das mamas feito por um médico, alerta a psico-oncologista Luciana Holtz.
O sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo ou massa. Um nódulo sólido, indolor e com bordas irregulares é muito provável que seja um tumor maligno, mas os cânceres de mama podem ser sensíveis ao toque (dolorosos), macios ou redondos. Por esse motivo, é importante que qualquer nova massa, nódulo ou alteração na mama seja examinada por um médico.
Outros sinais:
- Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo).
- Nódulo único endurecido.
- Irritação ou abaulamento de uma parte da mama.
- Dor na mama ou mamilo.
- Inversão do mamilo.
- Eritema (vermelhidão) na pele.
- Edema (inchaço) da pele.
- Espessamento ou retração da pele ou do mamilo.
- Secreção sanguinolenta ou serosa pelos mamilos.
- Linfonodos aumentados
Vale a pena lembrar que, na grande maioria dos casos, vermelhidão, inchaço na pele e mesmo o aumento de tamanho dos gânglios axilares, são provocados por processos inflamatórios ou infecção como, mastite, por exemplo, especialmente se acompanhados de dor. Mas como existe uma forma rara de câncer de mama que se manifesta como inflamação, esses achados devem ser relatados ao médico imediatamente e a mulher deve realizar um exame clínico, obrigatoriamente, pontua Luciana Holtz.
Apesar da importância do diagnóstico precoce para aumentar e melhorar as chances de cura e sobrevida para as mulheres com câncer de mama, muitos casos ainda são diagnosticados em estágios avançados, inclusive com metástases, que é quando o tumor já se espalhou para outros órgãos. Nesses casos, os sinais e sintomas, além dos descritos acima, podem variar de acordo com a área afetada pelo avanço do tumor. As metástases do câncer de mama em geral atingem os ossos, fígado, pulmões ou cérebro.
Disseminação – O câncer de mama pode se disseminar quando as células cancerígenas entram no sangue ou no sistema linfático e são transportadas para outras partes do corpo.
A pele, a aréola, o tecido subcutâneo e o parênquima mamário são drenados por vasos linfáticos, que se dispõem da superfície à profundidade, formando uma rede linfática que se comunica entre si. É importante entender o sistema linfático para compreender a forma como a doença pode se disseminar. Esse sistema tem várias partes.
Os linfonodos são pequenas coleções de células do sistema imunológico, em forma de feijão, conectados pelos vasos linfáticos. Os vasos linfáticos são como pequenas veias, que drenam a linfa da mama. A linfa contém líquido e detritos, bem como células do sistema imunológico. As células cancerígenas da mama podem entrar nos vasos linfáticos, chegar até os gânglios linfáticos e crescer neles. A maioria dos vasos linfáticos da mama drena para os:
- Linfonodos axilares.
- Linfonodos supraclaviculares e infraclaviculares.
- Linfonodos da cadeia mamária interna.
Se as células cancerígenas se disseminarem para os linfonodos, existe uma chance maior de que possam ter percorrido o sistema linfático e se disseminado (metástase) para outras partes do corpo. Quanto mais células cancerígenas da mama houver nos linfonodos, maior a probabilidade da doença ter se disseminado também para outros órgãos. Assim, encontrar células cancerígenas em um ou mais linfonodos influencia o esquema de tratamento a ser adotado. Geralmente, a cirurgia para retirar um ou mais linfonodos será necessária para saber se a doença está disseminada. Entretanto, nem todas as mulheres com células cancerígenas nos linfonodos apresentam metástases e outras que não tinham doença nos linfonodos podem desenvolver metástases posteriormente, conclui a presidente e Diretora Executiva do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.