O ginecologista Antônio Eugênio Motta Ferrari: “o útero tem uma função exclusivamente reprodutiva”
O Portal Medicina e Saúde recebeu de leitoras uma sugestão de pauta sobre “a função do útero pós-menopausa”; o que nos inspirou a criar este espaço no Portal Medicina e Saúde.
Para responder à pergunta, nossa equipe conversou com o ginecologista Antônio Eugênio Motta Ferrari, coordenador da Clínica de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Vila da Serra, em Nova Lima, Minas Gerais. Ele é também diretor da Clínica Vilara de Reprodução Assistida e professor de Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, na capital mineira.
Conforme explica o médico, o útero tem por função abrigar e nutrir o feto durante a gestação até o momento do parto. É por ele também que passam os espermatozoides em direção a tuba uterina, onde ocorre a fecundação, após uma relação sexual. Nesse sentido, o útero tem uma função exclusivamente reprodutiva. Quando não há fecundação, aquele tecido que foi desenvolvido para receber o embrião, denominado endométrio, é eliminado do organismo através do que chamamos de menstruação”.
Com o avançar da idade, em um determinado momento, a mulher deixa de ovular e de produzir hormônios femininos. Esta nova etapa da vida é o climatério, responsável por todos os sintomas que ocorrem a partir daí na mulher, calores (fogachos), depressão, irritabilidade, ansiedade, nervosismo, distúrbios do sono (incluindo insônia), perda de concentração, dor de cabeça e fadiga são devidos a falta dos hormônios femininos: estrogênio e progesterona, responsáveis pelo crescimento do endométrio e, posterior, menstruação. Isto significa que após a menopausa, “o útero não tem mais nenhuma função, já que não é mais possível ocorrer uma gestação”, destaca o especialista.
Neste sentido, destaca, “a única utilidade do útero na pós-menopausa seria, em uma necessidade rara, gestar um embrião de um casal parental que está impossibilitado de conceber, através do que chamamos ‘útero de substituição’ feito via a técnica de Reprodução Assistida”.
Sexualidade – Sobre este assunto, o Dr. Antônio Eugênio, destaca que houve controvérsias sob a participação do útero na sexualidade, mas que ainda não há um consenso sobre isto. O que acontece em alguns casos, principalmente de câncer, quando é necessário retirar uma porção da vagina, a mulher sentir dor em virtude do encurtamento vaginal, mas são casos específicos. “Na pós-menopausa, o que mais interfere na qualidade do ato sexual é a perda da elasticidade e lubrificação vaginal, que podem ser corrigidas com a reposição hormonal e/ou uso de lubrificante íntimo”, conclui.