Dr. Fernão Bevilacqua: “A recuperação auditiva irá depender do fator etiológico, mas de forma geral, não tem como recuperar sem se fazer nada ”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe uma estimativa de que até o ano de 2050, 900 milhões de pessoas podem acabar desenvolvendo surdez ao redor do mundo. No Brasil, é estimado que 10 milhões de habitantes já possuam algum tipo de comprometimento no sentido.
A condição pode surgir como um zumbido passageiro ou mesmo a perda total da audição. Um dos fatores relacionados a essa aparição é o avanço da idade. O otorrinolaringologista Fernão Bevilacqua, de São Paulo/SP, explica que, no Brasil, os homens podem começar a apresentar mais sinais da perda por volta dos 60 anos de idade. Já as mulheres, ficam na média dos 65 anos.
Os sintomas mais perceptíveis podem incluir repetições de frases, pouca compreensão dos sons ao redor e perguntas sobre conversas recentes. “As perdas auditivas podem ter um início lento e progressivo. Às vezes, pode ser que as condições de saúde do indivíduo sejam imperceptíveis naquele momento. Por isso a idade pode acabar sendo um fator responsável pela perda, uma vez que acontece naturalmente”, afirma.
Tratamento precoce – Caso a perda auditiva seja decorrente de um processo inflamatório ou infeccioso, ou ainda devido a um tumor, podem existir chances de tratamento. Mas no caso da surdez por avanço de idade, o ideal é começar o quanto antes o uso de aparelho de amplificação sonora, caso o paciente esteja apto a usá-lo. “A recuperação irá depender do fator etiológico, mas de forma geral, não tem como recuperar sem se fazer nada. É um processo que faz parte do envelhecimento biológico, e não existe vitamina ou nutriente na alimentação, por exemplo, que possa prevenir o problema”, conta Bevilacqua.
Além disso, o maior erro de muitas pessoas com suspeita de perda de audição, segundo o otorrinolaringologista, é adiar o uso do aparelho, pensando que o problema ainda não atrapalha o suficiente na rotina e que dá para se virar sem o equipamento. “Mas a realidade é que, quanto mais cedo você colocar o aparelho, mais fácil a adaptação ao uso será”, pondera.
Para todas as idades – Embora a perda auditiva possa ser agravada mediante à idade, é importante seguir com exames médicos desde o nascimento, para saber se a audição pode ou não estar sendo afetada de alguma forma. “Pode existir uma perda auditiva de origem genética, uma síndrome, processos inflamatórios, infecciosos, tumores, acidentes, traumas, entre outras causas desde cedo. Por isso, independentemente da idade, é preciso fazer uma anamnese completa no paciente para direcionar a pesquisa sobre a possível perda auditiva e como lidar com ela”, explica o médico.
No caso dos adultos, também é importante realizar exames após a audição passar por experiências com sons de alta intensidade. “Pessoas que trabalham em ambientes com ruídos altos, como aeroportos, metrôs, canteiros de obra, entre outros, além de quem possui o hábito de ouvir música alta nos fones de ouvido ou, presencialmente, em festivais e shows, precisam avaliar a audição com um otorrino ou fonoaudiólogo. Ou, se preferirem, devem usar equipamentos de proteção auricular para prevenir danos mais severos”, conclui o especialista.