Presidente da SOCESP, Ieda Jatene: “o dado é preocupante porque o sedentarismo é um dos 10 principais fatores de risco para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos a cada ano”
A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP – está às voltas com a campanha pelo Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro. Na programação, ações em mídias sociais e no site da entidade, além de entrevistas no Youtube.
Segundo a entidade, 32,3% dos brasileiros são hipertensos e, após os 60 anos, este percentual sobe para 65%; 40% da população adulta têm colesterol elevado; e, entre os diabéticos, estima-se que 50% não conheçam a própria condição. A hipertensão, o colesterol e o diabetes são os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. De acordo com a entidade, esses números podem subir ainda mais. Uma pesquisa da SOCESP revela que as pessoas ficaram mais sedentárias, ganharam peso e procuraram menos o médico ao longo da pandemia de Covid-19.
Conforme o levantamento, entre uma população que já se caracteriza por não praticar exercícios rotineiramente (65,8% afirmam ser sedentários), o isolamento social surtiu efeito ainda mais negativo: a maioria dos consultados, 44,0%, admite ter feito menos atividade física durante a pandemia. “O dado é preocupante porque o sedentarismo é um dos 10 principais fatores de risco para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos a cada ano”, ressalta a presidente da SOCESP, Ieda Jatene.
Segundo a pesquisa da SOCESP, 44,3% ganharam peso no período de combate à Covid-19. “Aqui temos outro sinal de alerta: obesidade e sobrepeso estão diretamente relacionados ao aumento da pressão arterial”, alerta o diretor de Promoção e Pesquisa da SOCESP, Luciano Drager. A doença está associada a 45% das mortes cardíacas e a 51% dos óbitos por doenças como o Acidente Vascular cerebral (AVC).
O também diretor da SOCESP, Ricardo Pavanello, informa que grande parte dos pacientes chega tarde ao consultório. E a pesquisa mostrou isso: 57,2% dos entrevistados disseram não terem ido às consultas de rotina no período da pandemia. Quando a pergunta foi sobre consulta cardiológica, 23,2% nunca foram ao cardiologista e 46,8% haviam feito a visita há mais de um ano. “O problema é que, na maioria das vezes, os sintomas só aparecem no estágio avançado, quando órgãos-alvo como o coração, cérebro e rins já foram comprometidos. AVC, insuficiência cardíaca, infarto, acometimento dos rins estão entre os danos dos fatores de risco”, acrescenta Pavanello.
Na campanha da SOCESP serão ressaltadas as ações que podem prevenir a doença, como alimentação balanceada e prática regular de atividade física. Essas medidas afetam diretamente a obesidade e o excesso de peso e, consequentemente, as doenças do coração. “Os exercícios aeróbicos são os mais indicados, como caminhada, corrida, ciclismo ou natação, e requerem 30 minutos, de cinco a sete dias na semana”, informa Luciano Drager.
O cardiologista completa dizendo que o cardápio adequado é um aliado quando o objetivo é emagrecer de maneira saudável e há várias propostas de dietas que previnem as doenças cardiovasculares. “A dieta DASH e suas variantes, com baixa quantidade de gordura, dieta mediterrânea, vegetariana/vegana, nórdica, dietas com baixo teor de carboidratos, entre outras. Vale lembrar que os benefícios da alimentação saudável incluem a redução do consumo de sódio: quanto menos sal, mais saudável será seu prato”, conclui o diretor da SOCESP.