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Por que as mulheres estão adiando a maternidade?

   Crédito foto:  Nataliya Vaitkevich

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou, em um estudo recente, que as mulheres brasileiras estão adiando cada vez mais a maternidade. De acordo com os dados divulgados, a idade média em que as mulheres têm seus primeiros filhos passou de 25,3 anos em 2000 para 27,7 anos em 2020, com uma projeção de que esse número pode chegar a 31,3 anos em 2070.

Para a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, de Bauru/SP, fundadora do Instituto MaterOnline, esse fenômeno é reflexo de diversas mudanças sociais e culturais. Segundo ela, “o adiamento da maternidade está relacionado a fatores como a busca pela estabilidade financeira, a dedicação à carreira e a maior valorização da liberdade pessoal”. Conforme destaca, é importante que as mulheres se sintam seguras em suas escolhas e que contem com o apoio necessário para viver essa experiência com confiança e tranquilidade.

Escolha tardia – Escolher ter filhos em uma fase mais avançada da vida é uma decisão cada vez mais comum e deve ser apoiada de maneira integral, observa a especialista. Schiavo também destaca que o apoio psicológico é importante em todas as etapas da maternidade, desde o desejo de engravidar até o pós-parto. “É importante que elas se sintam plenamente apoiadas em suas escolhas.O suporte emocional, iniciado ainda antes da gestação, contribui para que as mulheres vivenciem essa jornada de forma segura e respeite suas necessidades e desejos”, explica, esclarecendo, a seguir, as principais dúvidas sobre o tema.

Existe um momento certo para ser mãe? – Não existe um momento ou uma forma única de ser mãe. A ideia de uma mãe perfeita ou de um momento ideal para a maternidade é um mito. O que realmente importa é que cada mulher se sinta apoiada e segura em sua decisão, com acesso às informações e ao suporte necessário para viver essa experiência de forma plena e realista. 

O que as mulheres devem considerar antes de adiar a maternidade?É importante lembrar que, com o passar dos anos, a fertilidade diminui. Após os 35 anos, engravidar pode se tornar mais difícil, e os óvulos, que envelhecem com a mulher, aumentam o risco de complicações como, síndromes e abortos espontâneos. Muitas mulheres só descobrem essas dificuldades ao tentar engravidar mais tarde. Por isso, é fundamental que se informem sobre opções como, o congelamento de óvulos, que pode preservar as chances de uma gestação futura com menos riscos.

Por que a culpa pelo sucesso ou fracasso dos filhos recai sobre a mãe? – Isso tem a ver com a construção da romantização da maternidade, que se intensificou a partir do século XVIII. Até então, a maternidade não seguia o caminho do ‘amor materno’ ou ‘instinto materno’ como conhecemos hoje. O sucesso ou fracasso dos filhos passou a ser atribuído diretamente à mãe, excluindo o pai dessa responsabilidade. Essa ideia se consolidou a ponto de todo o peso da educação e cuidado com os filhos recair sobre as mulheres.

Qual é o impacto da maternidade na vida das mulheres? – A mulher grávida, muitas vezes, se torna invisível aos olhos da sociedade. A atenção é deslocada para o bebê, e seus próprios sonhos e necessidades são frequentemente ignorados. Além disso, vivemos em uma cultura machista onde, na maioria dos casos, o pai não assume a responsabilidade de forma equitativa, deixando a mulher sobrecarregada e vulnerável a conflitos emocionais.

Como essa sobrecarga pode afetar a saúde mental das mães? – A cobrança excessiva sobre as mulheres para que sejam perfeitas na maternidade pode gerar angústia e questionamentos sobre sua capacidade. Isso afeta diretamente a saúde mental, gerando ansiedade e outros conflitos psicológicos, especialmente quando a mulher sente que deve abrir mão de seus sonhos e projetos pessoais para atender as expectativas sociais.

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