Principais dúvidas sobre Fertilização In Vitro

Imagem: Canva/Divulgação

Segundo a Biblioteca Virtual da Saúde, no Brasil, estima-se que 10% a 20% dos casais em idade fértil enfrentam problemas de fertilidade por diferentes motivos. Com o avanço da medicina reprodutiva, a crescente decisão de postergar a maternidade, ou simplesmente a dificuldade de gerar de maneira natural, a fertilização in vitro (FIV) tornou-se uma alternativa cada vez mais procurada por mulheres e casais que desejam engravidar. 

Apesar de sua popularização, o tratamento ainda gera muitas dúvidas. É uma opção que serve para todos? Existem riscos? Quais as chances de sucesso? Para esclarecer os principais pontos, o ginecologista Vamberto Maia Filho, obstetra e especialista em Reprodução Assistida de São Paulo/SP, detalha o processo:

Qual a melhor idade para fazer a fertilização in vitro? – Entender como a fertilidade funciona para ambos os parceiros é essencial. Nas mulheres, a quantidade e qualidade dos óvulos começa a diminuir a partir dos 30 anos e se acentua após os 35. Por isso, o congelamento de óvulos é uma alternativa recomendada para quem deseja adiar a maternidade com segurança.

Como funciona o tratamento de FIV? – A fertilização in vitro é um processo dividido em etapas. A primeira fase é a indução da ovulação, feita com medicamentos hormonais que estimulam os ovários a produzirem mais óvulos. Em seguida, esses óvulos são coletados em laboratório e fertilizados com espermatozoides. Os embriões formados podem ser transferidos para o útero ou congelados para ciclos futuros. Atualmente, a maior parte dos ciclos é feita com embriões congelados, pois isso oferece mais segurança para a paciente e evita complicações como a síndrome da hiperestimulação ovariana”.

O que é compartilhamento de óvulos e quem pode se beneficiar? – Para mulheres com baixa reserva ovariana, idade avançada ou falência ovariana precoce, a ovodoação pode ser o caminho mais eficaz. Nessa técnica, os óvulos vêm de uma doadora, são fertilizados e transferidos para o útero da receptora. O índice de sucesso do compartilhamento de óvulos é semelhante ao da FIV tradicional e chega a 60% por ciclo. É uma alternativa segura e cada vez mais comum, mas exige acolhimento e uma escuta atenta por parte do médico, já que envolve questões emocionais e pessoais profundas.

Como saber se ainda tenho boa reserva ovariana? – Exames específicos ajudam a avaliar o potencial reprodutivo. Entre eles, o ultrassom para contagem de folículos antrais e o hormônio antimülleriano (AMH) são os mais indicados. Quanto mais folículos visíveis no ultrassom, maior a reserva. Já o AMH os dá uma ideia mais precisa da quantidade de óvulos disponíveis. Esses dados são essenciais para indicar o melhor momento e o tipo de tratamento ideal para cada paciente.

A FIV é sempre o melhor caminho? – Nem sempre. O médico ressalta que existem outros métodos de reprodução assistida de menor complexidade, como o coito programado e a inseminação intrauterina, indicados para casos mais simples. A FIV é um tratamento de alta complexidade e costuma ser recomendado quando os outros métodos não funcionam ou quando há fatores como endometriose severa, obstrução tubária ou idade mais avançada. Cada caso deve ser avaliado individualmente.

E a fertilidade masculina? – A fertilidade não é só uma questão feminina. Embora a queda na fertilidade masculina seja mais lenta, ela também acontece. Com o avanço da idade, pode haver redução na qualidade do sêmen, na motilidade e na contagem de espermatozoides — além de aumento nos riscos de alterações genéticas nos embriões. Cerca de 40% dos casos de infertilidade têm origem masculina ou são compartilhados entre os dois parceiros. Por isso, a avaliação do casal é fundamental. Exames como o espermograma são indispensáveis antes de indicar qualquer tratamento.

Informação é parte do tratamento – De acordo com o Dr. Vamberto, quando o casal compreende o processo, suas chances de sucesso aumentam — não apenas por questões técnicas, mas pelo preparo emocional, e a informação é essencial.

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