Problemas no quadril no idoso: tratamento, indicação ou contraindicação cirúrgica
Dr. Eliseu Barros: “os idosos estão mais suscetíveis a artrose do quadril, devido ao desgaste natural da articulação, fraturas do colo do fêmur, resultantes de quedas”
Com o envelhecimento da população brasileira, cada vez mais vemos pessoas idosas em plena atividade de trabalho e lazer. Também é comum constatarmos problemas no quadril nessa faixa etária. Em consequência dessa realidade, a cirurgia do quadril é muito comum em idosos e pode ser indicada para tratar osteoartrose, condições de fraturas e outras doenças degenerativas que comprometem a articulação. A cirurgia pode aliviar a dor, melhorar a mobilidade e permitir que o paciente volte a realizar as atividades do dia a dia
De acordo com o ortopedista Eliseu Barros, especialista em cirurgia do quadril, com atuação em Belo Horizonte/MG, as principais doenças que afetam o quadril incluem: artrose (osteoartrite) – degeneração da cartilagem articular, levando a dor e rigidez, Bursite trocantérica – inflamação das bursas ao redor do quadril, causando dor lateral, Tendinite dos músculos glúteos – inflamação dos tendões dos músculos glúteos médio e mínimo, Impacto femoroacetabular – conflito entre o fêmur e o acetábulo, podendo levar a lesões labrais, Fraturas do colo do fêmur – comuns em idosos, geralmente resultantes de quedas, e Necrose avascular da cabeça femoral – morte do tecido ósseo devido à falta de suprimento sanguíneo.
“Os idosos estão mais suscetíveis a artrose do quadril, devido ao desgaste natural da articulação, a fraturas do colo do fêmur, resultantes de quedas, comuns nessa faixa etária, e a bursite trocantérica, decorrente de alterações biomecânicas e uso excessivo.”
O médico, que tem pós-graduação em Acupuntura Médica na Terapia da Dor e em Clínica da Dor pelo Instituto Albert Einstein, e é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, destaca as causas mais comuns que levam à cirurgia do quadril. A principal é a artrose devido ao envelhecimento, a predisposição genética, sobrepeso e lesões prévias, bem como as fraturas do colo do fêmur – osteoporose, quedas e fragilidade óssea, bursite trocantérica – movimentos repetitivos, discrepância no comprimento dos membros inferiores e fraqueza muscular.
Tratamento – Segundo ele, o tratamento varia conforme a condição do paciente e pode ser, no caso de artrose, através de analgésicos, fisioterapia e perda de peso. Em casos avançados, cirurgia. Já as fraturas do colo do fêmur, geralmente, requerem intervenção cirúrgica, seguida de reabilitação, a bursite trocantérica exige repouso, fisioterapia, anti-inflamatórios e, em casos refratários, infiltrações ou cirurgia.
O procedimento cirúrgico é considerado após esgotadas as opções de tratamento conservador e quando a qualidade de vida do paciente está significativamente comprometida, ressalta o ortopedista. Ela pode envolver uma artroplastia total do quadril (substituição da articulação por uma prótese), uma fixação interna (uso de parafusos ou placas para estabilizar fraturas), ou uma osteotomia (realinhamento ósseo para melhorar a função articular.
A cirurgia é contraindicada para o idoso quando suas condições clínicas estão graves e não controladas, como no caso de doenças cardíacas ou pulmonares descompensadas, infecções ativas, com risco aumentado de complicações pós-operatórias, e osteoporose severa (dificuldade na fixação de implantes). “Nesses casos, os riscos cirúrgicos podem superar os benefícios”, pontua o especialista, observando ainda que “a cirurgia do quadril é realmente indicada quando tratamentos conservadores falharam e quando há dor intensa e limitação funcional significativa”.
Sintomas – De acordo com o Dr. Eliseu Barros, os idosos devem observar os seguintes sintomas: dor persistente no quadril ou virilha, dificuldade para caminhar ou mancar, rigidez articular, inchaço ou sensibilidade na região do quadril, assim como a diminuição da amplitude de movimento.
Conforme observa ainda, “as mulheres são mais suscetíveis aos problemas no quadril, especialmente após a menopausa, devido à diminuição dos níveis de estrogênio, que afeta a saúde das articulações. Além disso, fatores biomecânicos e lesões também contribuem para essa predisposição”.
O diagnóstico envolve: anamnese detalhada e exame físico, exames de imagem (radiografias, ressonância magnética ou tomografia computadorizada), e exames laboratoriais para descartar infecções ou doenças reumatológicas.