Profissionais de Enfermagem lutam por melhores condições de trabalho
presidente do Coren-MG, Carla Prado: “temos atuado para mostrar à sociedade que não existe serviço de saúde sem enfermagem”
Maior entre as categorias profissionais da área de saúde, a Enfermagem alcançou grande protagonismo no combate à pandemia de Covid-19. Manifestações de apoio da sociedade e homenagens recebidas em âmbito mundial, inclusive de chefes de Estado como o primeiro ministro britânico, têm impulsionado a luta de enfermeiros, técnicos, auxiliares e atendentes brasileiros, por melhores condições de trabalho não apenas durante o momento atual, mas para o futuro.
Segundo a enfermeira graduada pela Universidade Federal de Uberlândia e presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG) desde 2018, Carla Prado, há projetos de lei que têm se arrastado há anos no Congresso Nacional, sobre temas de interesse dos profissionais, como piso salarial e jornada de trabalho. “Temos atuado para mostrar à sociedade que não existe serviço de saúde sem enfermagem e que, embora trabalhemos em silêncio, temos uma atuação complementar a dos médicos. Cuidamos das pessoas, do nascimento até morte, e somos os únicos profissionais que ficamos 24 horas com o paciente e analisamos as necessidades do indivíduo para além da doença”, enfatiza.
Apenas em Minas Gerais são 203.134 profissionais inscritos no Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MG), entre os quais 51.034 enfermeiros, 121.565 técnicos de enfermagem, 19.936 auxiliares de enfermagem e 10.598 atendentes. Desse total, 88% são mulheres. Além de fiscalizar o exercício da profissão, a entidade – que tem atuado nos 853 municípios do Estado, também responde pela oferta qualificada dessa importante mão de obra para a sociedade. “O Conselho atua em defesa dos profissionais para salvaguardar vidas”, ressalta.
EPIs – Contrariando todas as previsões das empresas de RH, as profissões de saúde são as mais demandadas em 2020, devido à pandemia. Segundo Carla Prado, a oferta de vagas para Enfermagem é constante e o site do Conselho tem um banco de currículos que tem recebido muitas consultas. No entanto, as condições de trabalho não são as ideais para o momento de pandemia. No setor público, a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para aqueles que atuam na linha de frente do combate ao Covid-19 é uma realidade.
Há casos, também, de fornecimento de produtos que não são considerados seguros, o que tem aumentado a ansiedade e insegurança desses profissionais. Para amenizar a situação, o Coren-MG abriu processo de licitação para investir R$ 1 milhão na compra de 160 mil máscaras cirúrgicas, PFF2 e Face Shield, que foram enviadas para todas as regiões do Estado, com ênfase para os hospitais que são referência no tratamento do Covid-19, serviços de saúde que possuem UTI, prontos socorros, Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Unidade Básica de Saúde (UBS). A ação, pioneira, foi replicada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e Minas Gerais recebeu mais 6.500 itens do gênero.
No entanto, conforme o adoecimento avança e afeta também os profissionais de saúde, a sobrecarga de trabalho aumenta. “A Organização Mundial de Saúde elegeu 2020 como o Ano Internacional da Enfermagem. Precisamos mostrar ao mundo que existimos e que nosso trabalho é primordial não apenas para o combate ao Covid-19, mas para a área de saúde”, conclui a dirigente.