A psicanalista Sylvia Loeb e sua filha, a jornalista Carla Leirner, criaram o projeto Minha idade não me define
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o total de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050, o que representa um quinto da população mundial. E em 2050, o Brasil ocupará a quinta colocação no ranking de países com maior número de idosos do mundo. Porém, por aqui, ainda é comum pessoas mais velhas serem vítimas de preconceito e discriminação.
Aliás, quando o assunto envelhecimento se cruza com a pauta de gênero dentro do mercado de trabalho, o quadro é alarmante. De acordo com a pesquisa Global Learner Survey, realizada pela Pearson em parceria com a Morning Consult, 87% das mulheres entrevistadas acreditam que têm menos oportunidades do que homens no mercado de trabalho devido a gênero e idade, e outras 65% afirmam ser uma prioridade abordar e combater o etarismo dentro das organizações.
Dentro desta perspectiva e com o propósito de combater o ageísmo e os problemas que cercam o processo do envelhecimento, apontando caminhos e soluções para viver a fase com plenitude e o máximo de qualidade de vida, a psicanalista Sylvia Loeb, 78 anos, e sua filha, a jornalista Carla Leirner, 59 anos (de São Paulo), criaram o projeto Minha idade não me define, que já conta com mais de 100 mil seguidoras em sua página no Instagram (@minhaidadenaomedefine) e está próximo de alcançar 7 mil no Linkedin.
Para completar, a dupla lançou a campanha #minhaidadenaomedefine, que se materializou com a venda de camisetas, que logo conquistaram uma legião de fãs. O movimento ecoa por todo o Brasil, com postagem de selfies em redes sociais, onde as simpatizantes e apoiadoras da hashtag vestem literalmente a camisa da marca. “Nós somos a prova viva de que sim, é possível não sermos encostadas e nem estarmos fora do jogo mesmo aos 78 e quase 60 anos”, afirma Sylvia. O movimento viralizou a tal ponto, que um dos posts no LinkedIn sobre o tema teve mais de 400 mil visualizações e a marca de cosméticos Natura entrou como parceira da iniciativa.
“Sentimos como se tivesse um grito engasgado, como se tivéssemos dado voz para mulheres e homens que pensam da mesma forma que a gente, e que também se incomodam com o fato de serem vistos apenas por suas idades. É uma coisa bem bacana o que conseguimos, afinal, não vendemos uma camiseta, vendemos uma ideia, e quando as pessoas ‘vestem essa camisa’ contribuem para ampliar o debate e derrubar barreiras”, concluem mãe e filha.
Nas suas redes sociais, a dupla aborda temas que envolvem toda a complexidade de assuntos que cercam a longevidade, como educação financeira, autoestima, sexo e transição de carreira. “O mais interessante do projeto é que falamos sobre a longevidade do ponto de vista de mãe e filha, ou seja, de duas gerações diferentes”, relata Carla. “A gente envelhece em todas as áreas: fisicamente, mentalmente e filosoficamente. O tempo passa e precisamos lidar com isso de forma geral, não só estética. O que a gente tem feito é ampliar essa conversa. ”
E estão ampliando mesmo. Prova é que embora o movimento tenha nascido para falar com mulheres acima dos 50 anos, a iniciativa acabou atraindo também o público 40+, que se identifica com as questões do ageísmo.
No radar da dupla estão o lançamento de workshops e de um livro, além de collabs com marcas que desejem abraçar a causa dos maduros. “O mercado de produtos destinado ao público acima dos 60 anos ainda é pouco explorado no Brasil e as pessoas não encontram artigos de consumo adequados para essa fase da vida”, conclui Carla Leirner.