Quando o ronco é mais do que um ronco!
Dr. Gleison Guimarães: “um dos principais sinais de alerta de que uma pessoa está passando pelo problema são o ronco e a sonolência diurna excessiva”
Uma nova campanha circula nos Estados Unidos, com o objetivo de conscientizar que a apneia do sono é “Mais Do Que Um Ronco” — nome dado ao projeto colaborativo idealizado pela Academia Americana de Medicina do Sono.
A importância desse tipo de ação é incentivar aqueles que têm o problema a buscarem tratamento, evitando assim complicações maiores. “Cuidar dessa questão de saúde é importante, já que a apneia obstrutiva e a sonolência diurna excessiva podem ter implicações sérias para o paciente. Acredita-se que atuem como um fator de risco para outras condições, como doenças cardiovasculares, endócrino metabólicas e neurodegenerativas”, explica Gleison Guimarães, médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Com consequências alarmantes, a apneia obstrutiva do sono chega a afetar quase 30 milhões de pessoas adultas somente nos Estados Unidos, sendo que 80% dos casos não são diagnosticados, custando ao país mais de US$ 149 bilhões por ano em gastos de assistência médica, além de uma perda de produtividade nas empresas, acidentes de trabalho e de veículos.
“Quando alguém não dorme o suficiente ou de forma adequada, é comum que no dia seguinte essa pessoa esteja em um estado maior de fadiga, principalmente porque não houve o descanso necessário e o corpo ainda precisa se recuperar. Com isso, esse indivíduo não tem a mesma capacidade de executar suas atividades pessoais e profissionais, podendo cometer erros que não cometeria se estivesse completamente descansado”, destaca o especialista. “Por outro lado, uma noite de sono reparadora é primordial para elevar o rendimento de qualquer pessoa, melhorando a produtividade e os resultados apresentados”, acrescenta.
Um dos principais sinais de alerta de que uma pessoa está passando pelo problema são o ronco e a sonolência diurna excessiva, aumentando riscos de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até depressão. Por isso, ao primeiro sintoma, é preciso conversar com seu médico, para avaliar a necessidade de testes diagnósticos e indicação do melhor tratamento, orienta o Dr. Gleison. Nesse contexto, existem diferentes possibilidades para tratar a apneia obstrutiva. Uma delas é o uso do aparelho de CPAP, pressão positiva nas vias aéreas, que faz uso de níveis de pressão de ar fornecidos por uma máscara e que mantém a via aérea aberta durante o uso. Além dela, aparelhos orais, cirurgia, perda de peso e outras terapias podem auxiliar.
“Distúrbios neurológicos, cansaço, sonolência, irritabilidade, ansiedade, depressão, problemas sexuais e estresse são sintomas comuns de noites mal dormidas ou a falta de um sono adequado, o que aumenta o risco de erros e acidentes nos mais diversos locais de trabalho”, alerta ainda o médico.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), somado a isso, as doenças cardiovasculares são uma consequência importante das noites mal dormidas, além de contabilizarem a principal causa de mortes no mundo. Para evitá-las, existe uma série de ações recomendadas pelos médicos e ressaltadas pelas diretrizes da American Heart Association em uma lista chamada Life´s Essential 7. Até pouco tempo atrás, esses pilares eram sete: parar de fumar, comer melhor, se manter ativo, controlar o peso e a pressão arterial, controlar o colesterol e diminuir o açúcar no sangue. Em junho deste ano, porém, a lista ganhou o item “qualidade do sono”.