Dra. Natasha Veloso: “levantar e ver cabelo no travesseiro, ter cabelo no chão, na roupa, no carro e até no ralo do chuveiro, muitas vezes podem representar um alerta importante”
A queda de cabelo não é uma preocupação somente dos homens. Muitas mulheres, em diferentes fases da vida, podem apresentar queda de cabelo ou até mesmo sérios problemas relacionados à calvície. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 30% das mulheres terão problemas de calvície antes dos 50 anos de idade. Nestes casos, a condição genética e fatores emocionais podem estar associados ao problema. Entre os principais fatores que podem ocasionar a queda de cabelo estão:
• Disfunções hormonais – Oscilações decorrentes da gravidez, pós-parto, menopausa ou devido a distúrbios, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), podem desencadear a queda do cabelo. Essas mudanças afetam o ciclo de crescimento dos fios, resultando em perda capilar temporária ou prolongada.
• Estresse/ansiedade – Quando os níveis de estresse podem levar ao eflúvio telógeno – condição em que vários fios entram em queda simultaneamente. Normalmente, isso se deve a uma situação de estresse profundo ou traumas físicos.
• Deficiências nutricionais – A falta de vitaminas e minerais essenciais, como ferro, inco, vitamina D e biotina, podem comprometer seriamente a saúde capilar. Dietas restritivas ou alimentação inadequadas também são fatores de risco.
• Doenças autoimunes – Condições como alopecia areata ocorrem quando o sistema imunológico ataca os folículos capilares e podem causar queda em áreas localizadas ou difusas no couro cabeludo.
• Uso de medicamentos – Alguns medicamentos, incluindo os usados para tratar câncer, hipertensão, depressão e problemas hormonais podem apresentar a queda de cabelo como efeito colateral.
• Doenças dermatológicas – Problemas como dermatite, seborreica, psoríase e infecções por fungos podem causar inflamação no couro cabeludo, prejudicando o crescimento dos fios.
Mas, afinal, quando devo me preocupar com a queda de cabelo? – A Dra. Natasha Veloso/São Paulo/SP, médica tricologista e proprietária do Espaço Oasyum Refúgio Urbano, explica que identificar mudanças acentuadas na rotina diária são sinais importantes que indicam a queda de cabelo. “Levantar e ver cabelo no travesseiro, ter cabelo no chão, na roupa, no carro e até no ralo do chuveiro, muitas vezes podem representar um alerta importante, explica.
Ademais, outros indícios podem sinalizar mudanças em relação a estrutura dos fios e perda de massa capilar, como, por exemplo, perceber o número de voltas ao amarrar o cabelo – se antes dava duas voltas e passa a dar quatro ou enxergar o couro cabeludo quando está contra a luz. Uma boa dica é olhar fotos do passado, testar, fazer comparativos.
Segundo a Dra. Natasha, é normal perder de 100 a 150 fios por dia para quem lava os cabelos todos dos dias. Essa frequência tende a aumentar quando há um intervalo maior entre uma lavagem e outra. “Se você demorar sete dias para lavar o cabelo é natural perder em média 700 fios após a lavagem, mas isso também não é padrão, pode variar”, revela a especialista.
Diagnóstico – O primeiro passo é realizar uma boa anamnese, conhecer o histórico alimentar do paciente, analisar a sua rotina de vida, além dos aspectos psicológicos, tais como avaliação do nível de estresse e carência de sono. Também é comum avaliar se existe alguma doença associada ou até o uso de algum medicamente que possa impactar na saúde capilar.
Um diagnóstico bem feito faz toda a diferença para a orientação em relação ao tratamento. Nestes casos, exames laboratoriais também podem ser necessários a fim de apontar possíveis desequilíbrios hormonais, deficiências nutricionais ou doenças autoimunes. De acordo com a Dra. Natasha, “nada como conhecer o seu paciente de forma profunda. Além disso, realizar o exame de tricoscopia é fundamental para fechar o diagnóstico. É importante olhar microscopicamente o fio, avaliar o folículo, olhar dentro do couro cabeludo para enxergar quais são os sinais”.
Tratamentos e prevenção – Queda de cabelo é sempre um aviso do resto do corpo, o que traduz que algo não está em bom funcionamento no organismo. A partir da anamnese é possível indicar o tratamento mais adequado para cada paciente – o que pode variar desde terapias pequenas até cuidados mais específicos, a exemplo de reposição de nutrientes, terapia tópica, medicação oral e procedimentos como microagulhamento e laser.
Outro aspecto importante é buscar ajuda médica nos casos que, potencialmente, podem ocasionar queda de cabelo, tais como pós-parto, pós-bariátrica, pós-dengue, pós-covid, longos períodos de estresse, entre outros fatores.
Manter uma alimentação saudável também colabora para manter a saúde dos cabelos e couro cabeludo, bem como a prática de atividade física e qualidade do sono. “Tudo aquilo que vale para manter o nosso corpo saudável, funcionando bem, vale para os cabelos, pontua a especialista.
Uma rotina adequada de cuidados capilares pode colaborar na prevenção da queda do dos fios. Investir na saúde capilar é mais do que uma questão estética, é cuidar do bem-estar. Identificar as causas da queda e tratar o problema de forma precoce pode trazer resultados eficazes e devolver a confiança.