Pessoas infectadas pelo novo coronavírus podem apresentar sequelas até mesmo em casos leves da doença, necessitando de acompanhamento médico (Imagem Pixabay)
À medida que a pandemia do novo coronavírus avançou, médicos que trabalham no combate à doença constataram que determinados pacientes apresentaram sequelas que acometeram não apenas os que necessitaram de internação, mas, também, em quem desenvolveu a infecção de forma leve ou moderada.
De acordo com o Dr. Daniel Bruno Takizawa, pneumologista do Pilar Hospital/Curitiba-PR, os sintomas pós-covid mais frequentes são cansaço, fadiga muscular, falta de ar, tosse persistente, dor de cabeça, ansiedade e depressão. “Os sintomas pós-covid podem acometer tantos os casos leves, quanto os quadros mais graves”, avisa o médico, ao observar que “em casos graves, a capacidade pulmonar pode ficar reduzida, assim como a força da musculatura torácica, que auxilia na inspiração e expiração do ar. Quando comprometidas, podem levar a cansaço e falta de ar”.
O médico relata ainda que a grande maioria dos pacientes não apresenta sequelas pulmonares em longo prazo. “Porém, estudos recentes mostram que em alguns casos as sequelas podem persistir por mais de um ano”.
Ele também alerta sobre a possível incidência de fibrose pulmonar, doença crônica que forma cicatrizes no pulmão, fazendo com que o tecido pulmonar perca sua elasticidade, o que compromete a respiração e o fluxo de oxigênio para o corpo. “A fibrose pulmonar realmente pode acontecer, porém, em casos mais raros, principalmente naqueles que necessitaram de cuidados de UTI”, afirma.
Pacientes que foram internados e passaram pelo invasivo processo de intubação, com uso de ventilação mecânica, podem apresentar complicações após a extubação, como fraqueza muscular generalizada, distúrbios de deglutição e, em casos mais raros, estenose da traqueia, que vem a ser um estreitamento traqueal, dificultando a passagem de ar aos pulmões. Em casos mais graves, gerar falta de ar de forma intensa.
O desafio do trabalho de reabilitação pós-covid é restabelecer o bom funcionamento do aparelho respiratório e o bem-estar da pessoa. “A reabilitação é tanto respiratória quanto motora para recuperar a força muscular perdida durante a doença. O tempo varia de acordo com o paciente. Normalmente são necessárias, no mínimo, dez sessões de fisioterapia”, afirma.
O tratamento pós-covid tem suporte de uma equipe multiprofissional que, além de médicos pneumologistas, conta também com profissionais das áreas de fisioterapia, nutrição e psicologia. “A reabilitação começa durante a internação, com a fisioterapia realizando um grande trabalho, tanto da parte respiratória quanto da parte motora. É de grande importância o seguimento logo após a alta do paciente”, recomenda o médico, ao informar que, recentemente, o Pilar Hospital inaugurou um ambulatório pós-covid capacitado para realizar diversos exames de avaliação do comprometimento pulmonar em longo prazo e, assim, seguir no atendimento para a recuperação do paciente.