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Regional MG da SBQ está preocupada com a baixa estrutura dos hospitais do interior do Estado para atender queimados

Dr. Rogério Noronha: “algumas queimaduras podem ser evitadas com iniciativas simples de prevenção com a divulgação de informações aos cidadãos sobre riscos e a condução imediata e adequada caso ocorram”

O cirurgião plástico Rogério Noronha, que está à frente da Sociedade Brasileira de Queimaduras-Regional Minas Gerais, de janeiro de 2025 até final de 2026, está preocupado com a baixa estrutura hospitalar no interior do estado para atender pacientes.

Além de dar continuidade às diretrizes da gestão anterior, informa, “estamos focando nossas ações também na regionalização da assistência ao queimado em toda a Minas Gerais. Este, provavelmente, é o nosso grande desafio: conseguir apoiar a implementação, em todas as 16 macrorregiões do estado, de sistemas de atendimento ao grande queimado, médio queimado e pequeno queimado, que permitam uma assistência próxima ao seu local de residência, sem necessitar a transferência para os grandes centros. Da mesma forma, auxiliar tecnicamente o Estado a implementar, a Linha de Cuidado aos Sequelados de Queimaduras”.

Dentro desse processo, a Regional mineira tem três objetivos principais: “promover a assistência técnica, acadêmica e científica, de forma a interligar todas as ações necessárias na prevenção e tratamento das queimaduras”.

De uma maneira geral, explica Noronha, os hospitais públicos de grande porte no país estão melhor aparelhados para o atendimento ao grande queimado, que é a queimadura que atinge mais de 20% da superfície corportal. No entanto, essa é a linha de assistência ao trauma, visto que queimaduras são um tipo especial de trauma. Sabemos que o grande queimado é dentre os traumas o mais complexo. Talvez seja também o mais grave e que envolve uma estrutura física específica e com equipe multiprofissional especializada. Este complexo aparelhamento é mais comum nos grandes hospitais públicos. “Mas, para nós, médicos, todo pronto-socorro deveria ter condições de gerar o primeiro atendimento ao paciente queimado”.

Minas Gerais – De acordo com o Dr. Rogério Noronha, “em Minas Gerais podemos dizer que o Hospital João XXIII é o maior centro de trauma da América Latina, inclusive como Centro de Tratamento de Queimados. “Já tivemos cinco centros de tratamento de queimados no estado. A partir de 2021, através do trabalho conjunto da Secretaria Municipal de Saúde, Rede FHEMIG e Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, iniciou-se a implementação do plano para a regionalização dos centros de tratamento de queimados, evitando que os pacientes façam deslocamentos para centros melhor estruturados”.

Em termos assistenciais, “nossa maior preocupação é com relação ao grande queimado e ao queimado grave. Os centros especializados na assistência a esses pacientes altamente complexos são raros. Nesse sentido, é fundamental o Hospital João XXIII de Belo Horizonte e o Hospital de Uberlândia, que são os Centro de Tratamento de Queimados mais estruturados do estado, atendam exclusivamente os pacientes mais necessitados. Aqueles pacientes que podem ser tratados em níveis de atenção menor, quando recebidos por estas instituições, acabam prejudicando as chances de sobrevida do paciente que mais precisa de tratamento”. Daí, a preocupação da Regional Mineira da Sociedade Brasileira de Queimaduras em unir forças na implementação, em todas as 16 macrorregiões do estado, de sistemas de atendimento ao grande, médio e pequeno queimado, de forma a permitir, assim, uma assistência próxima ao seu local de residência, sem necessitar a transferência para os grandes centros.

Acidentes evitáveis – Conforme destaca o Dr. Rogério Noronha, “todas as queimaduras nos preocupam. No entanto, algumas delas podem ser evitadas com iniciativas simples de prevenção com a divulgação de informações aos cidadãos sobre riscos e a condução imediata e adequada caso ocorram.

Alguns assuntos são prementes como, por exemplo, as tentativas de autoextermínio, especialmente em mulheres, e queimaduras provocadas pelo manuseio de produtos químicos e de limpeza domiciliares que afetam crianças. “Tais cenários já nos apontam ações de prevenção, como a abordagem pedagógica dentro das escolas, investimento da preparação do corpo de bombeiros, uso informativo através do tele ensino. As campanhas de motivação são fundamentais para que as famílias compreendam os riscos de se permitir a presença de uma criança na cozinha do lar e que o álcool, substância comum nos lares, oferece um risco gigantesco em acidentes domésticos”.

Dentro desse quadro, o presidente da Regional mineira destaca as queimaduras as quais as pessoas estão mais sujeitas:

  • Homens – os acidentes de trabalho são as principais, envolvendo ambiente eletricitário, laboral e com a presença de fogos de artifício.
  • Mulheres – Além das queimaduras domiciliares, é relevante destacar que a quase totalidade das tentativas de autoextermínio, que envolve produtos químicos e alcóolicos.
  • Idosos – Acidentes domiciliares.
  • Crianças – Da mesma forma que os idosos, é preocupante os acidentes domiciliares, em especial em cozinha: com panela de pressão, frituras, acidentes com fogo, acidentes com manejo simultâneo de fogo e álcool, todos passíveis de prevenção.

Considerando que a curva de aprendizagem de um adulto é maior do que a de uma criança, no momento de preparação de alimentos é inadmissível a presença de uma criança na cozinha. Muitas vezes nos deparamos com mulheres cozinhando com uma criança no colo, uma realidade na maioria dos lares brasileiros. “Tal comportamento está sujeito a riscos, muitos deles podendo levar ao óbito por queimadura”, alerta o cirurgião plástico e atual presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras-Regional MG.

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