O termo “relacionamento abusivo” está em evidência no Brasil. Mas pouco se explica como lançar mão da comunicação para impedir que essas situações do dia a dia, sejam na vida pessoal ou profissional, impactem negativamente na qualidade de vida. “Se você concorda com isso e quer se livrar disso, entenda que um grande aliado na prevenção desses relacionamentos é o senso de valor próprio, consequentemente não aceitar qualquer tipo de tratamento, buscar defender sua autonomia, autoconhecimento e ter atitudes assertivas para impor barreiras de proteção”, alerta a especialista em Gestão de Conflitos e em Comunicação não Violenta (CNV), Diana Bonar.
Segundo ela, a violência doméstica é a mais comum, ou conhecida, mas nem sempre começa com uma agressão física, mas sim com o homem minando a percepção da mulher sobre ela própria, a fazendo acreditar que precisa dele para ser feliz e se sentir segura, quando, na verdade, ela está se tornando uma vítima de um relacionamento que irá, aos poucos, cortar vínculos importantes com amigas e familiares e, até mesmo, gerar uma dependência financeira com seu cônjuge. “Ao fazer isso, a mulher estará sozinha, vitimizada e com muito mais dificuldade em deixar esse relacionamento”, informa a especialista.
Conforme explica, quanto maior for o nosso autoconhecimento, mais distante estaremos de um relacionamento abusivo. A comunicação não violenta é uma jornada interna que nos conecta as necessidades humanas e facilita a construção de uma vida plena, saudável e feliz. “São como nossos valores e princípios, que precisam ser preenchidos para que nos sintamos bem. Quando falamos de relacionamento, as necessidades por parceria, pertencimento, afeto, amor, segurança psicológica, respeito e cumplicidades são essenciais. Portanto, se você não tem essas necessidades preenchidas, possivelmente está sentido mágoa, tristeza, medo, insegurança e confusão”, ressalta. Nesse sentido, Diana Bonar relaciona algumas dicas sobre como identificar se a relação pode ou é abusiva:
1: Observe os seus sentimentos, eles são mais fáceis de se perceber do que as necessidades. Não é um bom sinal, sentir-se confusa e triste com muita frequência.
2: Conheça suas necessidades. Ter consciência sobre o que é importante para nós nos ajuda a criar estratégias mais saudáveis e eficientes. Se pergunte: o que eu preciso, quais são meus valores? Por que estou fazendo ou aceitando isso?
3: Você só pode se comunicar onde está a sua barreira de proteção, se souber onde está. Você ensina como gosta de ser tratada pelo que você aceita, tolera e reforça. É no início dos relacionamentos que devemos mostrar claramente toda vez que essa barreira for tocada. Uma grosseria, um olhar agressivo, uma crítica que te coloca para baixo, um tom de voz que você não gosta, falar mal das suas amigas, tentativa de impedir você de sair ou de usar a roupa que quiser, ofensas e por aí vai. Lembre-se: no primeiro sinal de que essa pessoa tocou essa barreira, mesmo que pareça pequeno, comunique. Isso mostra que você se ama, se conhece e que não permite qualquer tratamento.
4: Seja coerente com seus valores! Se você comunicou que não gosta que te xinguem, mas a pessoa faz novamente, pegue sua bolsa, se levante e vá embora. Ao ficar e aceitar desculpas novamente, você está ensinando que isso é um ciclo. Saia dele!
5: Invista em você. Leia livros, assista vídeos e faça cursos sobre autocompaixão, inteligência emocional, amor-próprio, autoestima, comunicação não violenta.