Por Helen Mavichian:
Psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Graduada em Psicologia, especialista em Psicopedagogia e pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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A frustração é uma emoção comum que todas as pessoas experimentam ao longo da vida. Porém, lidar com ela nem sempre é fácil, principalmente para as crianças. A infância é uma fase de descobertas, aprendizado e desenvolvimento, em que as crianças estão constantemente enfrentando novos desafios e aprendendo a conviver com suas limitações, o que muitas vezes podem levar a momentos de frustração.
Existem várias situações que podem causar esse amargo sentimento nelas. Em geral, isso ocorre quando elas tentam realizar uma tarefa e não conseguem como, por exemplo, ao amarrar os sapatos, montar um quebra-cabeça ou escrever seu nome. Os pequenos podem ficar frustrados quando são incapazes de expressar suas necessidades ou desejos de forma adequada, são rejeitados por seus colegas de escola, acham que não conseguem alcançar as expectativas dos pais ou perdem um jogo ou uma brincadeira. Situações como mudança de professores na escola, amigos vão morar em outra cidade, parentes doentes e outras “perdas” também podem desencadear frustrações.
No consultório, percebo que muitos problemas são causados por momentos em que as crianças tiveram que experienciar como é uma frustração. Por não saberem como expressar esse sentimento, alguns se comportam de forma inadequada, sendo o meu papel, como psicoterapeuta, ajudá-las a equilibrar melhor essas emoções, sensações e sentimentos.
A frustração infantil pode se manifestar de diferentes maneiras. Algumas crianças podem revelar essa emoção por meio de birras, manhas, choros ou atitudes agressivas, enquanto outras podem se retrair e se tornar mais reservadas. É importante lembrar que a maneira de externar pode variar de criança para criança e depende totalmente de sua personalidade, temperamento e habilidades de comunicação.
Lidar com frustrações é uma habilidade primordial para o convívio em sociedade e, quando é exercitada e aprendida desde a infância, facilita o amadurecimento emocional e dá leveza às etapas seguintes da vida. Veja a seguir algumas sugestões para ajudar filhos, alunos e todas as crianças ao nosso redor vivenciarem suas frustrações:
- Acolha os sentimentos da criança: É importante que ela saiba que seus sentimentos são normais e que é perfeitamente aceitável ficar triste, com raiva ou chateada quando algo não acontece como esperado.
- Incentive que expresse o que sente: Encoraje a criança a falar sobre suas emoções de maneira apropriada e segura, seja conversando com um amigo ou adulto de sua confiança, escrevendo em um diário ou praticando atividades físicas.
- Ensine habilidades de resolução de problemas: Ensine a identificar e analisar problemas, pensar em soluções e escolher a melhor opção.
- Fomente a resiliência: Incentive a pessoa a aprender com os desafios e pensar em alternativas para passar por situações difíceis com mais leveza. Ensine a importância da perseverança e de tentar novamente, mesmo quando as coisas não saem como planejado.
- Promova o apoio social: Incentive a pessoa a buscar e a criar uma rede de apoio social, seja de amigos, familiares, professores ou mesmo profissionais de saúde mental.
- Seja um modelo: Demonstre como lidar com frustrações e perdas de maneira saudável, para que a pessoa possa aprender com o exemplo.
- Esteja disponível: Mostre-se presente e disponível sempre para a criança, faça com que ela saiba que você está ali para oferecer conforto, orientação e apoio emocional, quando for necessário.
- Ajude a criança a desenvolver autoestima: Ensine à criança a importância de valorizar-se e de ter confiança em suas habilidades. Para isso, valorize seus pontos fortes. Esse autoconhecimento irá ajudá-la a enfrentar a ter resiliência e força em situações adversas.
Em outras palavras, ensinar as crianças a encarar frustrações e perdas é um processo contínuo que requer paciência, empatia e apoio emocional. Ao fornecer essas ferramentas importantes, você pode ajudar a criança a se tornar mais resiliente e capaz para enfrentar os desafios da vida de maneira saudável e positiva. Mas não se esqueça que cada pessoa é única e irá lidar com as emoções de uma maneira diferente, combinado?