Dr. Fábio Castilho, Dr. Silvio Andrade, Laura Pereira, Dr. Adson Patrick Carvalho e Dr. Alberto Gomes
A Santa Casa BH (SCBH) realizou no dia 18 de fevereiro de 2023, o primeiro transplante duplo de coração e rim do estado. O procedimento inédito teve duração de oito horas, e foi realizado pelas equipes de transplante cardíaco e renal da SCBH, cerca de 10 profissionais atuaram diretamente no procedimento e muitos outros indiretamente. A paciente teve alta na última quinta-feira, dia 16 de março e se recupera muito bem.
De acordo com o coordenador clínico do Programa de Transplantes Cardíaco da Santa Casa BH, Dr. Sílvio Amadeu Andrade, o duplo transplante é um procedimento raro e de alta complexidade, que deve ser realizado somente em um centro transplantador que tenha bons resultados em ambos os transplantes isolados. “A SCBH por ser um dos maiores transplantadores do país, com uma estrutura fantástica e um atendimento de excelência, possibilitou a realização do transplante”.
Para o superintendente de Governança Clínica da Santa Casa BH, Dr. Pedro Macedo Souza, esse momento é um marco na história da instituição e também em Minas Gerais. “Antes, os pacientes que necessitavam de um transplante duplo envolvendo o coração precisavam ir para outro estado, como por exemplo, São Paulo. Agora, eles podem contar com o serviço de transplantes da SCBH, que inclusive, recebeu neste mês, o selo nível A, do Programa de Qualidade no Processo de Doação e Transplantes (QUALIDOT), do Ministério da Saúde. Essa certificação é a qualificação máxima concedida a hospitais do Brasil que integram o Sistema Nacional de Transplante”, explica.
A paciente Laura Cristina Felisberto Pereira foi diagnosticada com disfunção renal em 2020, quando tinha apenas 17 anos. Ela conta que fazia hemodiálise três vezes por semana na instituição quando lhe foi indicado o transplante renal. Laura também era portadora de uma cardiopatia grave de causa idiopática (causa desconhecida, não definida), que a impossibilitava de fazer o transplante renal isolado, sendo necessário o procedimento combinado (transplante cardíaco e renal). “Quando recebi a notícia de que eu teria que passar por dois transplantes o meu mundo caiu. Se não fosse a minha família, os meus médicos e as psicólogas da Santa Casa BH, que me apoiaram, davam forças, me incentivando diariamente, eu não teria dado conta”, diz.
O cirurgião cardiovascular da Santa Casa BH, Dr. Vinícius Loureiro, um dos médicos que realizaram a cirurgia, conta que os órgãos vieram de um único doador, que inclusive tinha a mesma idade de Laura. “A cirurgia foi um sucesso e tudo correu conforme o planejado. A partir de agora, ela terá que tomar alguns cuidados com o uso de certas medicações para controle da função dos novos órgãos, mas poderá fazer tudo normalmente, sem diálise e sem as limitações da disfunção cardíaca”.
Para o Dr. Vinicius, de todas as cirurgias que realiza, o transplante é aquele que oferece mais mudanças na vida do paciente. “Fazemos muitas cirurgias diariamente, em adultos e crianças, e ver os pacientes saírem bem nos dá mais força e vontade de continuar fazendo o nosso melhor. É muito gratificante”.
Laura sonha em ser jogadora de vôlei. “Quero realizar tudo o que não pude fazer e viver até hoje”. Os médicos apoiam a ideia e dizem que ela estará liberada em breve para praticar esportes.
Durante a alta médica, ocorrida no dia 16 de março, Laura agradeceu aos médicos e a toda equipe. “Agradeço muito aos meus médicos, ao Dr. Sílvio e Dr. Vinícius e todas as equipes de enfermeiros, médicos e psicólogos que me acolheram em todos os setores que estive na Santa Casa BH”.
Com a saúde restabelecida, Laura e sua mãe, a Sra. Maria Godinho, fizeram questão de agradecer a família do doador, que no momento de luto e tristeza se solidarizou e doou os órgãos. “Mesmo na dor, eles pensaram em ajudar o próximo”, disse mãe e filha.