Sapatos sob medida! Fim dos problemas para diabéticos e para quem tem alguma deformidade nos pés

Wilton Fernandes: “a arte de modelar sapatos sob medida para diabéticos e para quem tem alguma deformidade nos pés aprendi com meu pai”.

Quem tem diabetes deve ter cuidados extremos com os pés. Qualquer lesão, um machucado pequeno que seja, pode se transformar em um enorme problema, em alguns casos levando até a amputação. Da mesma forma, quem tem alguma deformidade nos pés deve ficar sempre atento, pois o uso errado de calçados pode também prejudicar ainda mais e causar muitas dores. Assim, em ambos os casos, o sapato ideal é sempre o mais confortável e nem sempre fácil de encontra-los, pois, geralmente, devem ser feitos sob medida.

Em Belo Horizonte/MG, Wilton Fernandes é especialista em calçados personalizados. Ele é um dos poucos que fabrica sapatos especiais para diabéticos e para qualquer formato de pés. Nesta entrevista, ele fala sobre o seu ofício e a importância de usar sapatos adequados a cada formato de pé.

Quais os cuidados que o diabético e quem tem alguma deformidade nos pés deve ter na compra de um sapato? – A principal característica do calçado para um diabético e para quem apresenta alguma deformidade é que ele seja confortável e seguro para não causar lesões nos pés. Há vários graus de deformidade e para cada uma a gente consegue desenvolver um determinado tipo de calçado. Tem gente que só pisa com a planta dos pés, outras têm os pés invertidos, tem pessoas que têm pés pronados ou supinados. Então, tudo isso a gente corrige com a confecção desses calçados.

Nem todo calçado oferece essas condições. Assim sendo, ele deve ser feito sob medida. Nesse caso, como é o processo de sua feitura? – O tempo para confeccionar um calçado sob medida para diabético varia de 10 a 20 dias. Primeiramente, temos que fazer a prova, verificar se deu tudo certo e só depois o finalizarmos. Para cada tipo de deformidade que o cliente apresenta, a gente desenvolve uma solução. Essa é a nossa especialidade.

O senhor desenha um modelo ou já há vários modelos e o cliente escolhe o que mais gosta? – A gente já tem alguns modelos pré-definidos, mas quando a pessoa tem um pé mais inchado, eu faço um modelo com regulagem, com um velcro ou com um cadastro (sapato de amarrar). Posso também criar outro modelo, de acordo com a preferência do cliente. Faço qualquer tipo de calçado para o pé diabético, como botas, sapado social, mais esportivo, como também sandálias, tênis, sapato-tênis, tudo irá depender da preferência do cliente. Da mesma forma, crio calçados especiais para qualquer tipo de deformidade. Para esses casos especiais, tiro o molde dos pés em gesso e, com essa forma, desenho um calçado próprio.

O que pesa mais na confecção de um calçado sob medida? – Acredito que seja a sua própria personalização: criar um calçado de acordo com a necessidade da pessoa, garantindo, ao mesmo tempo, conforto, segurança e durabilidade.

Em termos de materiais, quais o senhor utiliza? – O principal é o couro de cabra por ser um material respirável. Ele é bem envolvente para os pés, flexível, de boa transpiração e resistente.

O senhor fabrica o que o cliente quer: calçado social, esportivo, salto baixo, salto alto, sandalhas, botas? … No caso de pés com deformidade, o que o senhor leva primeiro em consideração para feitura do sapato? – Sim, fabrico qualquer tipo de sapado, de acordo com a necessidade do cliente e o que deseja. Nem todo calçado oferece condições próprias para os pés, principalmente para o diabético e para quem tem alguma deformidade. Assim, ele deve ser feito sob medida, visando a largura e a altura dos pés, especialmente para quem tem os pés mais inchados. Dessa forma, a gente mede todo o contorno e diâmetros deles. Em seguida, a gente prepara uma forma com todas as características da pessoa. Dependendo do caso, fazemos também palmilhas especiais.

Quais os cuidados que o diabético deve ter ao ir às compras? – Primeiramente, ele deve observar o conforto que o sapato oferece. O calçado deve ser feito de couro, inclusive a sua forração porque o couro permite uma boa transpiração dos pés. O solado deve ser mais rígido para manter uma estabilidade ao caminhar, com palmilhas bem macias e o bico do sapato deve ser mais largo, com biqueira alta para evitar o surgimento de unha encravada. Esta deve ser, inclusive, uma de suas principais preocupações porque a inflamação começa em uma unha com dificuldades de crescer. Se o sapato estiver apertando, com os bicos mais finos, pode causar alguma lesão porque os pés têm pouca sensibilidade. Nesse sentido, internamente o calçado deve ser o mais liso possível para não ter atrito. Se puder não ter costuras é até melhor. O calçado deve ter também uma boa largura, acompanhando o formato dos pés, sem comprimi-los. É recomendado ainda que o diabético deve sempre andar de meias, meias acolchoadas, até mesmo atoalhada, usadas do avesso para melhor proteção dos pés porque a costura pode também provocar alguma lesão.

Há como conciliar beleza e conforto? – Sim, como faço a modelagem, a gente sempre tenta criar um design mais suave, principalmente no sapato ortopédico que, geralmente é mais robusto.

No caso de quem tem pés deformados, o que o senhor leva primeiro em consideração para feitura do sapato? – A gente procura primeiro corrigir a irregularidade da pessoa. Há casos em que é preciso desenvolver uma palmilha para corrigir, por exemplo, a pisada e oferecer uma melhor ergonomia na forma. Isto vai de acordo com a necessidade de cada um.

Há vários graus de deformidades. Há como fazer um calçado para cada uma delas? – Sim, podemos criar sapatos para as mais diversas deformidades. Cada caso é analisado cuidadosamente e o projeto é apresentado posteriormente para aprovação do cliente.

Há quanto anos o senhor é referência nessa área em Belo Horizonte? – Eu comecei a fabricar calçados especiais quando tinha 12 anos, quando trabalhava com meu pai. Foi ele que me ensino a profissão. Desde então, venho trabalhando com muito prazer nessa área. Hoje, estou com 53 anos de idade.

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