Equipe multidisciplinar abordou questões da disfunção erétil, que tanta preocupa os homens
Existe alguma relação entre doenças cardiológicas e atividade sexual masculina? Essa foi uma das questões apresentada na Live “É Hora de Falar sobre a Saúde Sexual Masculina!”, promovida pelo Grupo São Pietro Saúde do Rio Grande do Sul, instalado em Porto Alegre e outras cidades do Rio Grande do Sul, na última terça-feira (21/06), com uma equipe multidisciplinar formada por cardiologista, fisioterapeuta, nutricionista, preparador físico, psicóloga e urologistas.
Com mediação de Felipe Rocha, coordenador do Serviço de Urologia do Grupo São Pietro Saúde, a transmissão foi dividida em blocos de perguntas para contemplar integralmente a experiência e o conhecimento dos profissionais sobre o tema. Participaram do bate-papo o cardiologista Adriano Araújo Ponssoni, a nutricionista Deise Bach, o psicólogo Diego Villas-Bôas, a fisioterapeuta Emanuele Lazzari Cristofoli, o urologista Flavio Aranovich e o preparador físico Leonardo Fontanive Farias.
Segundo Adriano Araújo Ponssoni, existem vários reflexos da saúde cardiovascular do homem que acabam provocando alguns sintomas relacionados à atividade sexual. “Quarenta por cento das pessoas que têm disfunção erétil terão doença coronária ou hipertensão. Além disso, obesidade e sedentarismo também apresentam nesse sintoma. O médico precisa estar atento quanto a isso, precisa questionar, porque os homens não falam sobre o assunto”, comenta.
Fatores – Durante a live, Flávio Aranovich tratou sobre os fatores que podem causar a disfunção erétil e como acontece essa primeira investigação. “De modo geral, esse paciente chega com uma carga emocional bastante grande na consulta. Trata-se de um paciente complexo pois, em poucos minutos, precisamos investigar muita coisa a respeito de uma queixa tão simples. A conversa ajuda bastante, questões emocionais devem ser abordadas inicialmente, inclusive problemas orgânicos, como função renal, hepática, problemas hormonais e uso de medicações”, afirma.
Para o psicólogo Diego Villas-Bôas, existe uma necessidade de pensar a questão da disfunção de forma conjunta e integrada. “Todo o problema da disfunção sempre vai carregar uma etiologia mista. Mesmo que exista um problema orgânico, também existe uma repercussão emocional que vai fazer toda a diferença no tratamento, além da troca de informações com outros profissionais sobre o histórico médico do paciente”, ressalta.
Tratamento auxiliar – Conforme explica Emanuele Lazzari Cristofoli, que falou durante o evento sobre o uso da fisioterapia pélvica como forma de tratamento, “a ereção envolve vários fatores: precisa do psicológico para ter estímulo, como também precisa do sistema vascular eficiente e dos músculos do assoalho pélvico. Um caso muito comum que o paciente busca pelo tratamento é a cirurgia pélvica, como a prostatectomia. No consultório são realizadas algumas técnicas de força e resistência e também aparelhos de eletroterapia para estimular a vasodilatação”. Nesse sentido, destaca, “a Fisioterapia acaba sendo um complemento de todos os tratamentos”.
Da mesma forma, segundo o preparador físico Leonardo Fontanive Farias, a atividade sexual é um exercício físico. “O treinamento de força e treinamento aeróbico preparam o corpo para uma frequência cardíaca mais alta e a permanência dessa frequência, evitando uma fadiga precoce. É essencial garantir ao menos 150 ou 160 minutos por semana de atividade física moderada ou 75 a 90 minutos de atividade intensa”, pontuou.
Importante também a dieta. Na live, a nutricionista Deise Bach reforçou a importância de uma alimentação saudável na saúde sexual masculina. “A grande maioria dos homens negligencia o tratamento para a obesidade e sobrepeso, ao contrário das mulheres, que ainda têm um cuidado maior em relação a isso, uma preocupação até mais estética que o homem não tem”.
Muitas vezes, observa, “a preocupação está centrada apenas nos valores de referência de exames. Se chega um paciente com sobrepeso, mas os exames estão ok, ele não se preocupa tanto com a saúde porque os resultados estão dentro do esperado. Ninguém está disposto a abrir mão dos momentos de prazer relacionado à comida, para se alimentar de forma mais adequada, e isso acaba sendo um problema”, ressalta.
Segundo pesquisas da Sociedade Brasileira de Urologia, cerca da metade dos homens com mais de 40 anos apresentam queixas relacionadas à ereção. A capacidade de manter uma vida sexual saudável tem influência direta na qualidade de vida e na autoestima. Porém, muitos pacientes sentem dificuldade e até mesmo vergonha de procurar assistência médica.