SBCCV apoia mudanças nas diretrizes de revascularização miocárdica
O presidente da SBCCV, Rui Almeida: “a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular aconselha seus membros a seguirem a recomendação da Sociedade Europeia”.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular – SBCCV – reitera que a indicação de tratamento da lesão de tronco de artéria coronária esquerda (Left Main Coronary) deve ser mudada nas diretrizes europeias (Sociedade Europeia de Cardiologia) de revascularização do miocárdio (popularmente conhecida como pontes de safena), até o esclarecimento completo dos resultados do estudo EXCEL, apoiando a demanda da Sociedade Europeia de Cirurgia Cardiotorácica. O trabalho avaliou comparativamente a eficiência da cirurgia cardíaca e do implante do stent – prótese colocada no interior da artéria para reverter a obstrução dos vasos coronários – em pacientes com lesão de tronco da artéria coronária esquerda, que é o estreitamento de uma das principais artérias do coração que pode levar o paciente ao óbito.
O posicionamento da entidade aconteceu em resposta às denúncias feitas pelo programa Newsnight, da emissora de rádio e televisão BBC, do Reino Unido, que teve acesso a dados não publicados do estudo EXCEL, que mostram um risco maior de morte entre os pacientes que receberam stent farmacológico.
O EXCEL – coordenado pelo médico americano Gregg Stone e patrocinado por uma grande fabricante de stents dos EUA – começou em 2010, com uma amostra de 1905 pacientes. Metade foi submetida a cirurgia cardíaca aberta convencional e metade recebeu stent. Três anos depois, o resultado – que não seguiu a definição universal de infarto do miocárdio (UDMI) – publicado em artigo em 2016 no The Lancet e no New England Journal of Medicine, concluiu que os stents e a cirurgia cardíaca foram igualmente eficazes para pessoas com lesão de tronco da artéria coronária esquerda.
No entanto, dados do estudo EXCEL divulgados pela investigação jornalística da BBC – que seguiam a definição universal de infarto do miocárdio (UDMI) – mostram que os pacientes com doença arterial coronariana tratados com stents tiveram 80% mais ataques cardíacos (infartos do miocárdio) do que aqueles que fizeram cirurgia cardíaca aberta convencional e têm 35% mais chances de morrer.
Diante deste resultado e da comprovação de que treze dos coautores do estudo EXCEL receberam pagamento do patrocinador do estudo e fabricante do stent, a SBCCV defende o uso das melhores evidências para a decisão em favor dos pacientes. No Brasil, pelo Sistema Único de Saúde, foram realizadas em 2019, 96.947 angioplastias para o tratamento da doença arterial coronariana. Se considerarmos assistência privada, esse número praticamente dobra.
“Em editorial que será publicado na revista científica da entidade, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular aconselha seus membros a seguirem a recomendação da Sociedade Europeia e desconsiderarem as recomendações para tratamento da lesão de tronco da artéria coronária esquerda. Até que os dados reais do estudo Excel sejam esclarecidos”, conclui o presidente da SBCCV biênio 2018/19, Rui Almeida.
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