Seis entre 10 abortos espontâneos recorrentes têm como principal causa a endometrite crônica

A doença se caracteriza por Inflamação persistente causada por bactérias na mucosa do endométrio. Ela está presente em até 40% dos pacientes inférteis, sendo responsável por mais de 60% dos casos de abortos espontâneos recorrentes e repetidas falhas de implantação.

Foto: Divulgação

A endometrite, uma inflamação do endométrio (o revestimento interno do útero) devido a uma infecção, pode ser aguda (que surge de forma repentina e é de curta duração) ou crônica (dura muito tempo ou ocorre repetidas vezes). O maior impacto está na endometrite crônica, por ser uma inflamação persistente na mucosa endometrial causada por patógenos bacterianos (bactérias que podem causar doenças em seres humanos), como Enterobacteriaceae, Enterococcus, Streptococcus, Staphylococcus, Micoplasma e Ureaplasma. Embora assintomática na maioria dos casos, a endometrite crônica é encontrada em até 40% dos pacientes inférteis e é responsável por até 66% dos casos de repetidas falhas de implantação ou abortos de repetição.

A boa notícia é que a doença tem cura quando devidamente tratada com antibióticos. Para tanto, exames prévios são necessários para se identificar o patógeno causador da infecção. O teste molecular é o mais indicado para diagnóstico de endometrite crônica. Ele permite a identificação do patógeno, a detecção de bactérias não cultiváveis e o resultado em tempo real. Conforme explica a biomédica Virginia Regla, assessora científica da Igenomix, “o exame molecular consiste em um RT-PCR que detecta o DNA de todas as bactérias presentes na biópsia endometrial, mesmo as difíceis de serem cultivadas. É mais amplo que o exame de cultivo, que identifica apenas os patógenos endometriais cultiváveis”.

A microbiologia molecular, além de poder detectar patógenos bacterianos que causam endometrite crônica, permite orientar uma terapia direcionada de acordo com o perfil bacteriano patológico encontrado. Outro exame, a histeroscopia, que identifica alterações no útero, como miomas, embora realizado também em tempo curto, não detecta bactérias, sejam elas cultiváveis ou não cultiváveis – tampouco o patógeno – e, portanto, não identifica a causa da endometrite crônica.

Vamos falar sobre endometrite – O tema endometrite ganhou visibilidade por meio do relato feito pela atriz Fernanda Paes Leme em seu instagram @fepaesleme – https://www.instagram.com/p/CzwKM3SO4QI/. No vídeo de lançamento do “Mó Grávida”, ela conta o quanto a endometrite afetou suas tentativas de engravidar, incluindo uma perda gestacional. Após o diagnóstico da condição e tratamento eficaz, Fernanda engravidou novamente, a partir de seus óvulos que haviam sido congelados. “Quando uma personalidade compartilha sua jornada como tentante, mostra para muitas mulheres o quanto elas não estão sozinhas e que há avanços na ciência que permitem diagnosticar a inflamação, conhecer as bactérias envolvidas, tratar com o antibiótico certo e ampliando assim a chance de engravidar e ter um bebê saudável em casa”, ressalta Virginia Regla.

Ela destaca que qualquer pessoa com útero pode contrair endometrite. É uma das infecções mais comuns após o parto. Pode começar como corioamnionite durante a gestação (sendo mais relatado seu surgimento ao final do período gestacional) e progredir para endometrite após o parto (pós-parto), sendo um pouco mais comum após cesarianas. E acrescenta: a endometrite é comum em pessoas com doença inflamatória pélvica (DIP). Muitas bactérias diferentes podem causar DIP, e o meio de transmissão mais comum da infecção é através de sexo desprotegido. Embora inespecíficos, podendo ser associados com outras doenças, os sinais que podem alertar para endometrite são febre, dor pélvica, sangramento ou corrimento vaginal, constipação ou dor ao evacuar, inchaço no abdômen e mal-estar geral, mas a grande maioria dos casos ainda se mantêm assintomáticos e de difícil suspeita para diagnóstico.

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