Sexualidade depois dos 50 anos, separações durante a pandemia da covid, como melhorar a vida sexual: entrevista com a sexóloga Walkiria Fernandes
O Portal Medicina e Saúde publicou, no último dia 11 de novembro último, uma matéria com a psicóloga e sexóloga Walkiria Fernandes/BH, sobre a “Sexualidade entre 18 e 40 anos”. Nesta mesma linha, agora, o Portal publica outra matéria sobre o assunto, desta vez, abordando o tema depois dos 50 anos, lembrando que nesses novos tempos de covid, as relações foram muito afetadas, principalmente, ou inclusive, a relação sexual.
Walkiria Fernandes é graduada em Psicologia Clínica e pós-graduada em Sexualidade Humana, com vários cursos na área, participação em diversos congressos nacionais e internacionais sobre disfunções sexuais e seus tratamentos.
Como é a sexualidade na faixa dos 50 anos de idade? A libido diminui, afetando a relação do casal?
Quando a pessoa tem boa saúde física e mental, não há idade para um bom exercício da sexualidade. Quanto mais maturidade a pessoa alcança, mais aumenta a possibilidade de tirar prazer do sexo. Para os homens, em torno dos 50 anos, pode haver uma diminuição da frequência em que as ereções ocorrem. Para as mulheres, a despreocupação com a educação dos filhos e com a possibilidade de ocorrer uma gravidez podem contribuir para o aumento do desejo sexual e melhor proveito do sexo.
Esta é uma questão inevitável, mas não representa o fim, por exemplo, para aqueles que chegam na terceira idade?
A sexualidade após os 60 anos, não deve ser entendida como a fase em que se deixa de ter uma vida sexual. Ao contrário, a idade e experiência de vida e a despreocupação com a avaliação que os outros irão fazer da pessoa contribuem, positivamente, para um sexo melhor. Aquele sexo baseado na performance cede lugar a um sexo com mais qualidade e prazer.
Durante a pandemia da Covid ocorreram muitas separações. Elas se devem também às questões da sexualidade?
Com a pandemia da Covid houve o isolamento social. Com isso, as famílias e os casais, passaram a ter um convívio diário mais intenso. Muitas questões surgiram daí. Para aquelas famílias mais conflituosas e para os casais com pouca identificação e com relacionamentos mais hostis, foi o caos completo com o aumento da convivência. Muitos não suportaram e isso acabou aumentando o número de divórcio ou de separações.
Já para as famílias e casais mais harmônicos, o aumento da convivência levou a uma satisfação maior, justamente por passarem a desfrutar mais do tempo juntos.
Nas questões sexuais, aconteceu o mesmo. Para aqueles casais em que o sexo já era bom, ficou melhor ainda, justamente por maior disponibilidade de tempo juntos, sem a correria do dia a dia para ir para o trabalho.
Para os casais em que o sexo não era bom, ficou pior ainda. A falta de desejo sexual na mulher por exemplo, ficou mais evidente a partir do momento em que o homem, estando mais em casa, passou a querer mais sexo. As negativas da mulher aumentaram e as discussões sobre o assunto, também.
No caso dos homens, que já apresentavam uma disfunção sexual qualquer, a possibilidade da mulher querer mais sexo, já que o casal passou a ficar mais tempo juntos no dia a dia, aumentou a ansiedade e preocupação em relação ao seu desempenho sexual.
A pandemia afetou não apenas a sexualidade das pessoas, mas também a vida em geral, não é mesmo?
Exatamente. Com a pandemia muitas pessoas que passaram a fazer o trabalho em home office, deixaram de respeitar o horário de trabalho. Quando trabalhavam fora de casa, voltavam para casa por volta das 19h ou 20h, e, a partir desse tempo, podiam se dedicar à família. Trabalhando em casa, muitas pessoas passaram a ter reuniões, até muito mais tarde. Com isso o tempo para a família, diminuiu. O relacionamento sexual dos casais nesses casos, ficou comprometido, não somente pelo tempo menor que o casal passou a ter, mas, também, pelo cansaço. Então, podemos ver que a pandemia afetou as pessoas, famílias e casais de maneiras muito diversas.
Há alguma fórmula para melhorar a vida sexual?
O que posso dizer é para as pessoas passarem a ter um sexo mais voltado para a qualidade do que pela quantidade. Quanto menos preocupação com a performance, mais satisfatório ele será. Devem também procurar ter um bom relacionamento conjugal, sabendo dialogar com respeito e assertividade. Isto abre caminho para uma vida mais plena e um sexo mais satisfatório. Outra coisa muito importante é conhecer a si mesmo, trabalhar as suas preocupações, conflitos e ansiedade. O autoconhecimento sempre proporciona uma vida que irá, cada vez mais, valer a pena ser vivida.
Serviço:
Psicóloga e sexóloga Walkiria Fernandes/ Belo Horizonte-MG
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