A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP – iniciou uma pesquisa para mapear a saúde mental e o esgotamento psíquico dos médicos e profissionais de saúde ao longo da pandemia de coronavírus. O trabalho foi estruturado com base em relatos de cardiologistas, chefes de seções e/ou departamentos de emergências dos hospitais públicos e privados sobre o assunto. O fenômeno também tem sido observado em outros países, como Itália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos, onde a Covid-19 tem atingido proporções que extrapolam as condições de suporte do sistema de saúde.
A pesquisa terá a participação de cardiologistas, médicos generalistas e de qualquer outra especialidade, além de profissionais de saúde das áreas de educação física, enfermagem, farmacologia, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicologia, serviço social e profissionais que atuam em cuidados paliativos. “Alguns estudos sobre burnout foram realizados nos últimos meses, como também o seu impacto na saúde dos profissionais, mas nenhum com um espectro tão amplo”, explica o presidente da SOCESP, João Fernando Monteiro Ferreira.
Para a coordenadora do trabalho e diretora de Promoção e Pesquisa da SOCESP, Maria Cristina Izar, os profissionais de saúde têm vivido um duplo estresse por conta da Covid-19. “Não é somente o receio de serem contaminados durante a jornada de trabalho, mas também o risco de levarem o vírus para casa e passarem a doença aos filhos, cônjuge, pais e avós”, afirma a pesquisadora, que estruturou áreas de descontaminação na própria residência e no consultório. “Tem sido a rotina de todos nós, profissionais de saúde. Como a complexidade da limpeza para nós é maior, em virtude do risco constante, o estresse acaba sendo potencializado. O impacto disso é o que queremos constatar no resultado da pesquisa e, assim, traçarmos estratégias para atenuar o problema”, completa.
A diretora de Promoção e Pesquisa da SOCESP esclarece que a participação é gratuita para sócios ou não da entidade e envolverá profissionais de vários segmentos da saúde. “Há décadas temos grande interação com multiprofissionais e a interdisciplinaridade sempre esteve no DNA da SOCESP. Por isso pensamos num trabalho bastante amplo para detectar o problema em toda a sua dimensão”, explica Cristina Izar.
A pesquisa será confidencial e não haverá a possibilidade de identificação individual. “Garantimos o sigilo das informações, desde o início da coleta de dados, que será feita de forma totalmente eletrônica, até a produção e tabulação dos resultados com respaldo científico”, complementa Cristina Izar.
Para ela, a conclusão da pesquisa irá auxiliar governantes e gestores em relação ao que está ocorrendo com os profissionais de saúde e determinar ações de prevenção de esgotamento psíquico e físico, assim como atenção contra a depressão.