O transplante de fígado com doador vivo agora conta com a possibilidade de um novo aliado na Santa Casa de Porto Alegre: a cirurgia robótica. Pela primeira vez no Rio Grande do Sul, a equipe de Transplante Hepático Intervivos da instituição, liderada pelos cirurgiões Antônio Kalil e Flávia Feier, realizou a retirada de parte do fígado do doador com o uso do robô, permitindo maior precisão durante o procedimento e uma recuperação mais rápida para o paciente. Realizada no final de fevereiro, a cirurgia ocorreu para retirada de parte do órgão e posterior transplante em um menino de apenas três anos. O doador foi o pai da criança, que teve condições de receber alta em apenas 48 horas.
“Considerada um procedimento minimamente invasivo, a cirurgia robótica permite maior segurança e precisão dos movimentos, além de baixíssimos riscos de infecção, proporcionando uma recuperação muito mais rápida. E isso tudo faz enorme diferença, especialmente em um transplante intervivo, onde temos um doador saudável e precisamos reduzir todos os riscos possíveis, garantindo que ele possa voltar às suas atividades normais em menor espaço de tempo”, destaca o cirurgião Antônio Kalil, também diretor Médico e de Ensino e Pesquisa da Santa Casa.
O procedimento ocorreu no Instituto de Cirurgia Robótica Helda Gerdau Johannpeter e foi realizado em conjunto com os cirurgiões Lúcio Pacheco e Lucas Demétrio, ambos referência na atuação em transplante hepático e integrantes do corpo clínico da Rede D’Or, única instituição que até então havia realizado esse tipo de procedimento no Brasil.
Transplante intervivo – Quando se fala em transplante de órgãos, existem dois tipos de doadores: o doador falecido, cuja autorização depende exclusivamente da família, e o doador vivo. No segundo caso, esse tipo de doador pode doar um dos rins, parte do fígado, parte dos pulmões ou parte da medula óssea. Esse tipo de procedimento se tornou uma importante alternativa para diminuir o tempo de espera de pacientes que necessitam de um desses órgãos e não podem mais esperar.
No caso do transplante de fígado intervivo, é retirada uma parte do órgão do doador – que, além da compatibilidade, precisa atender uma série de outros critérios – para ser transplantada no lugar do fígado de quem possui uma doença hepática grave. Como o fígado é o único órgão humano que consegue se regenerar, o restante do fígado que fica no doador irá retomar o volume anterior à doação em algumas semanas. Da mesma forma, a parte transplantada também irá crescer e desempenhar suas funções normais.