Técnica inédita traz esperança para mulheres com baixa reserva ovariana em processo de reprodução assistida
Os médicos Marcos Sampaio e Selmo Geber, da Clínica Origen/BH, explicam em que consiste a técnica
Um dos problemas mais desafiadores e ainda não resolvidos relacionados ao tratamento da infertilidade é o baixo número ou a ausência de óvulos após estimulação ovariana controlada (COS) para o tratamento pela técnica de Fertilização in Vitro (FIV). A baixa resposta ovariana está associada à idade da mulher, podendo, também, ser ocasionada por cirurgia ovariana anterior. Todavia, em casos mais raros, pode ser observada até mesmo em mulheres jovens, com reserva ovariana normal, mas sem que haja resposta à estimulação. Pensando nisso, a Clínica Origen de Medicina Reprodutiva/ BH passou a adotar em algumas pacientes, um protocolo inédito, batizado pelo corpo clínico de TetraStim. A técnica, que há alguns anos vem sendo pesquisada pelos médicos, tem apresentado resultados bastante satisfatórios e, no último mês, ganhou destaque em uma das mais conceituadas revistas sobre Ginecologia do mundo, a Gynecological Endocrinology.
De acordo com o médico ginecologista Selmo Geber, a técnica TetraStim consiste em quatro estímulos ovarianos controlados mínimos consecutivos, seguidos por recuperação e vitrificação de óvulos. “Observamos que no dia seguinte à coleta dos óvulos, na fase não convencional (fase lútea, que compreende o período entre a ovulação e o começo da menstruação), o ovário responde melhor. Repetimos este estímulo por quatro vezes consecutivas para que seja possível coletar um maior número de óvulos. Observamos uma média de cinco óvulos. Trata-se de uma alternativa viável, com baixa dose hormonal, para aumentar o número de óvulos e embriões e melhorar as taxas de gravidez sem cancelamentos”, esclarece Geber, destacando que, embora o procedimento seja um pouco mais longo que o convencional, com duração média de três meses, conta com doses hormonais bem mais baixas e, consequentemente, é mais barato.
O TetraStim, acrescenta o médico ginecologista Marcos Sampaio, é uma alternativa eficaz desenvolvida para um grupo de mulheres com baixíssima resposta ovariana. “A falta de possibilidades de tratamento é frustrante para os casais. E como a doação de óvulos não é uma opção para muitos deles, oferecemos como alternativa a opção de criopreservar óvulos para acumular e, posteriormente, descongelar, fertilizar e transferir os embriões”, esclarece. Segundo o especialista, não há registros de estudos semelhantes que considerem o uso de quatro estimulações ovarianas mínimas controladas e consecutivas (TetraStim) como alternativa para o aumento do número de oócitos (óvulos) e melhora da resposta ovariana.
Cerca de 130 pacientes, com idade média de 38 anos, foram submetidas ao TetraStim. Do total, apenas uma paciente não teve oócitos (0,8%), ou seja, uma taxa de sucesso de 99,2%. O estudo completo está disponível em: DOI: 1080/09513590.2021.1922887