Dr. Marcos Kozlowski: “em casos de acidente, essa informação pode acelerar o processo de atendimento, garantindo que a pessoa receba o sangue correto, evitando complicações graves ou até fatais”
De acordo com recente pesquisa do Datafolha, o desconhecimento sobre o próprio tipo sanguíneo ainda é significativo no Brasil, especialmente entre as populações menos instruídas e de baixa renda. O levantamento revelou que 20% das pessoas mais instruídas não sabem a qual grupo sanguíneo pertencem. Esse número sobe drasticamente para 50% entre os menos instruídos. Além disso, quando analisada a renda familiar mensal dos entrevistados, observa-se que apenas 20% dos mais ricos desconhecem seu tipo sanguíneo, em contraste com alarmantes 47% entre os mais pobres.
Segundo o diretor técnico do LANAC, Marcos Kozlowski, Laboratório de Análises Clínicas de Curitiba/PR, os dados apresentados na pesquisa mostram a realidade do nosso país e apontam para a importância das pessoas saberem qual é o seu grupo sanguíneo. Essa informação pode ser vital em diversas situações, desde emergências médicas até doações de sangue, onde a compatibilidade sanguínea é essencial.
“Em casos de acidente, exemplifica o médico, essa informação pode acelerar o processo de atendimento, garantindo que a pessoa receba o sangue correto, evitando complicações graves ou até fatais”. Da mesma forma, saber a tipagem sanguínea durante o pré-natal é essencial porque previne riscos e identifica a possibilidade de problemas entre o sangue da mãe e do bebê, como a Doença Hemolítica do recém-nascido”, completa.
Situações de emergência e doação de sangue – Conforme explicaKozlowski, “quando uma pessoa chega a um hospital precisando urgentemente de uma transfusão de sangue, saber seu tipo sanguíneo permite que a equipe médica atue mais rapidamente, sem precisar realizar testes de compatibilidade que, apesar de rápidos, podem custar minutos preciosos”.
Além disso, o conhecimento sobre o tipo sanguíneo também é relevante para a doação de sangue.
Pessoas com sangue do tipo O negativo, conhecido como “doador universal”, podem doar para qualquer outro tipo sanguíneo, mas o número de doadores desse tipo é geralmente baixo. Por outro lado, pessoas com sangue AB positivo podem receber de qualquer tipo, mas só podem doar para pessoas com o mesmo tipo sanguíneo.
O exame de tipagem sanguínea é um procedimento simples e rápido, realizado em laboratórios de análises clínicas para determinar a qual grupo sanguíneo e fator Rh uma pessoa pertence, sendo realizado da seguinte maneira:
1 – Coleta de sangue – O exame começa com a coleta de uma pequena amostra de sangue do paciente, geralmente retirada de uma veia no braço. O procedimento é rápido e realizado por um profissional de saúde habilitado.
2 – Análise laboratorial – No laboratório, a amostra de sangue é submetida a uma série de testes. Inicialmente, o sangue é misturado com soros que contêm anticorpos anti-A, anti-B e anti-Rh. A reação desses anticorpos com os glóbulos vermelhos do sangue indica o tipo sanguíneo. As metodologias automatizadas em gel tipagem, utilizadas principalmente em banco de sangue, também são reconhecidas por sua alta precisão, eficiência e padronização.
3 – Identificação do grupo sanguíneo – Existem quatro grupos sanguíneos principais: A, B, AB e O. A tipagem é feita observando como os anticorpos reagem com os antígenos presentes nos glóbulos vermelhos:
- Tipo A: Presença de antígenos A na superfície dos glóbulos vermelhos.
- Tipo B: Presença de antígenos B.
- Tipo AB: Presença de ambos os antígenos A e B.
- Tipo O: Ausência de antígenos A e B.
4 – Determinação do fator Rh – Além de identificar o grupo sanguíneo, o exame também determina o fator Rh, que pode ser positivo (+) ou negativo (-). Se o sangue tiver o antígeno D, é considerado Rh positivo; se não tiver, é Rh negativo. Isso é importante porque o fator Rh também deve ser compatível em transfusões e na gravidez, para evitar problemas como a doença hemolítica do recém-nascido.
5 – Resultado e Interpretação – Os resultados do exame geralmente ficam prontos em pouco tempo, e o paciente é informado sobre seu tipo sanguíneo (A, B, AB, ou O) e seu fator Rh (positivo ou negativo). Com essas informações, é possível tomar decisões mais seguras em situações médicas, além de estar apto para participar de campanhas de doação de sangue de forma mais consciente.