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Apesar de se falar cada vez mais sobre saúde mental, principalmente desde a pandemia, ainda existem muitos preconceitos em torno do tratamento psiquiátrico, o que muitas vezes impede que pacientes tenham uma vida mais saudável. “Apesar de falarmos mais e abertamente sobre saúde mental, ainda há pessoas que relutam contra um tratamento psiquiátrico. Claro, precisamos debater a questão da medicalização desnecessária, mas, por outro lado, há pacientes que precisam de acompanhamento, mas deixam de fazê-lo devido, justamente, ao preconceito”, afirma o psiquiatra Estevam Vaz, membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Associação Médica Brasileira, ao apontar, a seguir, quatro principais mitos que colaboram para essa visão distorcida sobre o tratamento psiquiátrico.
1 – Medicamentos psiquiátricos mudam a personalidade da pessoa? – Não. Os medicamentos psiquiátricos são prescritos para equilibrar o funcionamento mental. “Quando usados corretamente, esses medicamentos ajudam a melhorar os sintomas sem alterar a personalidade essencial da pessoa. O objetivo é ajudar a pessoa a se sentir mais como ela mesma. Medicamentos não têm esse poder de mudar personalidades.
2 – Os tratamentos psiquiátricos são apenas para pessoas com doenças mentais graves? – Os tratamentos psiquiátricos podem beneficiar qualquer pessoa que esteja enfrentando dificuldades mentais significativas que precisam ser avaliadas por um profissional. Casos como ansiedade, depressão, estresse, transtornos de ajustamento e muitos outros problemas são tratados pela psiquiatria. “Avaliamos sempre que o grau de disfuncionalidade que a pessoa vive, diante de um quadro, para iniciar um tratamento”, esclarece Vaz.
3 – Ao tomar medicamentos psiquiátricos, você nunca poderá parar? – Os tratamentos contínuos são aqueles prescritos em casos mais graves ou crônicos. “O tratamento psiquiátrico busca devolver ao paciente seu equilíbrio mental. Então, o tratamento geralmente tem começo, meio e fim. Tudo deve ser sempre devidamente acompanhado por um psiquiatra. É mito achar que iniciada a mediação jamais o paciente deixará de tomá-la”, pontua o médico. A decisão de continuar ou interromper o uso de medicamentos deve sempre ser feita em conjunto com um profissional de saúde.
4 – Só o medicamento trata? – Outro mito em torno do tratamento psiquiátrico. Segundo Vaz, “tanto a terapia quanto os medicamentos podem ser eficazes no tratamento de transtornos mentais. No geral, uma combinação de ambos é a melhor abordagem”.
Conforme ele destaca, desmistificar os tratamentos psiquiátricos é crucial para promover a compreensão e reduzir o estigma associado aos transtornos mentais. A informação correta pode ajudar muitas pessoas a buscar o tratamento de que necessitam para terem uma vida mais saudável. “Assim como tratamos de outros órgãos do corpo, como quem tem diabetes cuida do pâncreas, temos também o tratamento para os transtornos mentais. Mesmo que o paciente tenha receio, sugiro procurar um médico para tirar as dúvidas”, finaliza o psiquiatra.